Ministro Barroso: a luz que aquece o acampamento Sempre sábio e construtivo em suas palavras, Barroso foi pontual e reflexivo, alfinetou o Planalto
Em discurso de posse no Tribunal Superior Eleitoral, o Ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso defendeu conciliação e diálogo como metas para o Brasil avançar. Sempre sábio e construtivo em suas palavras, Barroso foi pontual e reflexivo, alfinetou o Planalto ao dizer que o povo precisa ser “armado” com educação, cultura, ciência.
Em meio a tanta obscuridade na cena política nacional, onde o radicalismo, a ausência de bom-senso e principalmente a falta de uma linguagem que coadune com o mundo das pessoas civilizadas, o discurso do ministro traz alento e esperança de dias melhores. Impossível não ser tocado com as palavras de Barroso.
Ao celebrar os 31 anos da Constituição Federal de 1988, mandou um recado para os saudosistas do Regime Autoritário imposto em 1964 no país. Em tempos em que se tem ecoado tantas falas autoritárias e impensadas por parte do poder central, ouvir um Ministro da mais alta Corte de Justiça do país, dizer coisas sábias, palavras com nexo e frases que oportuna a todos nós aprendizados e reflexões, certamente motivam os bons de espirito a persistiram no caminho do bem, ao abordar o tema disse, “Democracia não é o regime político do consenso, mas aquele em que o dissenso é legítimo, civilizado e absorvido institucionalmente”.
Ao iniciar seu discurso, não usou o habitual “E DAI?” ou um “AINDA BEM”, ao contrário do que falam as bocas mais sujas do país, pontuou “minhas primeiras palavras no cargo são de solidariedade às pessoas que estão sofrendo pela perda de entes queridos, pela perda do emprego, da renda ou pelas dificuldades de suas empresas”.
Sempre sábio e construtivo em suas palavras, Barroso foi pontual e reflexivo, alfinetou o Planalto
No decorrer de seu discurso, enfatizou a necessidade de atrair os jovens para a cena política, bem como a necessidade de um maior protagonismo das mulheres, momento em que citou a Primeira-Ministra da Nova Zelândia Jacinda Arden, e a chanceler da Alemanha, Ângela Merkel, como referências da capacidade gerencial das mulheres em tempos de crise. Para Barroso “atrair mulheres idealistas e competentes para a política é uma importante demanda do país”.
Prosseguindo Barroso abordou a questão da “atuação pervertida de milícias digitais”. Aliás, pareceu-me que o discurso de posse do excelentíssimo ministro, foi permeado de indiretas a Presidência da República que acompanhava a posse através de uma transmissão ao vivo. Sendo verdadeira essa premissa, na teoria o planalto terá vida difícil enquanto Barroso presidir o TSE.
E como não poderia ser diferente, finalizou o discurso dizendo: “Tem se falado que, depois da crise, haverá um novo normal. E se não voltássemos ao normal? E se fizéssemos diferente? ”.
No mais, foi um discurso e tanto, para refletirmos sobre os rumos que o país tem escolhido através de suas lideranças políticas. Mas, os problemas são urgentes e continuam aí, queixosos de soluções civilizadas, a crise trazida pela pandemia se avoluma aos tradicionais problemas morais e sociais do Brasil, o Rei continua nu e parcela da população inebriada com promessas vazias e fantasiosas, a caça de um inimigo imaginário que é usado para justificar o fracasso e a incapacidade de governar dos nossos representantes eleitos democraticamente.
Joel Mesquita é sociólogo.
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