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Opinião
Domingo - 30 de Outubro de 2022 às 08:59
Por: Luiz Henrique Lima

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Seja qual for o resultado dessas disputadas eleições de 2022, uma coisa é certa: a vida continua.

Se a vida continua, continua a luta. E a luta continuará.

Nenhuma eleição, por si só, assinala a vitória ou a derrota definitiva de uma determinada causa.

O processo histórico é complexo e dinâmico e a sua evolução não é linear. Há períodos de retrocesso e há momentos de ruptura. É como um rio que atravessa um continente e cujas águas ora são retidas em sinuosos meandros e ora se precipitam em caudalosas cataratas. Porém, atrasadas ou apressadas, o seu destino é abraçar o oceano.

Nenhum voto, por si só, representa um toque de varinha mágica que transformará a realidade, para melhor ou pior. Mas é fato que não há instrumento melhor que o voto livre, universal e secreto para aferir a vontade popular e impulsionar as transformações necessárias na definição e execução das políticas públicas em benefício das pessoas, especialmente as mais frágeis e necessitadas.

O funcionamento da democracia pode ser comparado ao de um automóvel, cuja sofisticada engenharia envolve milhares de peças. Há instituições que funcionam como rodas, indispensáveis ao movimento. Há outras que atuam como freios ou amortecedores, destinadas a prevenir acidentes ou amenizar solavancos.

Nessa metáfora, o voto representa a decisão sobre a direção do percurso e a velocidade da rota. São definições determinantes, mas cujo sucesso na execução depende de múltiplos fatores, tais como abastecimento de combustível (receita pública), condições da estrada (conjuntura econômica nacional e internacional) e respeito às regras de trânsito (Constituição).

Assim, a construção de uma sociedade justa, livre, pluralista, próspera e sustentável não é missão para um super-herói, mas responsabilidade compartilhada por cada um de nós, cidadãos, todos os dias. A eleição é um marco importante, mas não é nem o início, nem o fim da história. A democracia não se resume em eleições. É construção e prática coletiva e diária.

Mais algumas palavras.

Desejo que a democracia vença e que o Brasil tenha paz.

Que o amor pela democracia vença o veneno do ódio.

Que a democracia vença o ódio racista. Que a democracia vença o ódio machista e misógino.

Que a democracia vença o ódio da intolerância religiosa. Que a democracia vença o ódio homofóbico. Que a democracia vença o ódio e a incompreensão contra a ciência, a cultura e a arte. Que a democracia vença o ódio e o desprezo aos ecossistemas, à biodiversidade e à proteção ao meio ambiente. Que a democracia vença o ódio e os preconceitos contra o nordestino, o imigrante, o pobre, o iletrado, o morador de favela, o morador de rua, o portador de deficiências ou transtornos e o que apenas é diferente.

Que, ao tomar livremente a sua decisão, a ninguém falte lucidez, coragem e amor.

Como na belíssima canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, “outros outubros virão, outras manhãs plenas de sol e de luz”!

Que a democracia vença e que o Brasil tenha paz!

Bons votos!

Luiz Henrique Lima é professor e auditor substituto de conselheiro do TCE-MT.



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