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Opinião
Sábado - 13 de Abril de 2024 às 00:42
Por: Flávio Alexandre dos Santos

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E lá vamos nós para mais um ano de eleições municipais, com a escolha de prefeitos e vereadores. Acredito que todo mundo já tenha se “acostumado” a vivenciar este período com tantas mudanças, saída de gestores, novos assumindo, enfim, aquelas trocas que são comuns na política brasileira. Mas será que a população tem noção do impacto que isso gera na saúde?

Isso mesmo! Essas trocas muitas vezes impactam as pastas da saúde nos municípios, com muitos secretários municipais de saúde deixando a pasta para construírem novos desafios, sendo um deles, uma carreira política como vereadores ou prefeitos.

Quem é secretário de saúde, e posso dizer com propriedade, sabe o quanto gerir a pasta requer competências e habilidades em diversas frentes, que envolvem conhecimento na própria área de saúde, como em licitação, sistemas de informação, contabilidade e administração pública, gestão de pessoas, planejamento, monitoramento, estratégias e tantas outras que nem são possíveis enumerar.

Isso é uma construção que demanda tempo, aprendizado e insistência, uma vez que cada município tem a sua realidade, e não existe manual que atenda de forma completa as peculiaridades de cada município. É o gestor, no dia a dia, com a sua equipe, que de fato faz o Sistema Único de Saúde (SUS) acontecer em cada canto dos ainda 141 municípios mato-grossenses, que após outubro seremos 142.

O aprendizado é constante e cumulativo. Posso exemplificar com a atuação do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso (Cosems/MT), do qual presido. Nós secretários de saúde realizamos diversas reuniões, alinhamentos e pactuações rotineiramente, entre reunião de colegiado, de intergestores, reunião bipartite, conferências, oficinas e tantas atividades de alinhamento com a equipe municipal, regional e estadual. Afinal, qualquer caminho errado é muito prejudicial para os que dependem do SUS.

Toda vez que um secretário, que já tem em seu arcabouço tanta expertise, sai da pasta, surge um novo desafio, que é apoiar este gestor com informações, assessoramento técnico, para que a saúde e tudo que vinha sendo construído não seja perdido. Recentemente, lendo uma matéria sobre esse mesmo tema, deparei-me com um dado que registra esse impacto. Segundo pesquisa do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), nesse período de transição é necessário ter atenção na correta aplicação de recursos, para que indicadores não tenham queda.

Esse cenário de troca de gestão, a cada quatro anos, deveria levar em conta a expertise técnica dos profissionais que ali atuam, gestores que hoje se encontram com mais preparo para assumir a pasta da saúde, devido a sua complexidade. Na verdade, essa realidade não é exclusiva de Mato Grosso. O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), inclusive, lançou uma cartilha com recomendações para o encerramento da gestão.

Nesse contexto você deve estar se perguntando, mas vai fazer o quê? Sabemos que não existe segurança em cargos de indicação política, mas acredito que um dos caminhos seja a valorização dos profissionais de saúde que assumem essa pasta, possibilitar o conhecimento e reconhecimento, para que a expertise desse profissional não seja substituída pela mudança de gestão.

Em Mato Grosso existem secretários de saúde que estão no cargo há anos, desenvolvendo um trabalho sólido, que avança a cada ano, e não é “interrompido” com as mudanças em anos eleitorais. Acredito que a sociedade e os próprios políticos precisam entender que a pasta de saúde deve “abrigar” profissionais técnicos, moldados no dia a dia do município. Da mesma maneira os salários devem ser vistos com carinho, já que é muita responsabilidade exigida desse cargo.

Mas, enquanto isso não acontece no meio de tantas mudanças, eu e meus colegas Diretores do Cosems/MT, que é este Colegiado que congrega os secretários municipais de saúde, juntamente com o corpo técnico do Cosems, estamos prontos para apoiar este novo secretário que assume, para que a população não sofra com essas mudanças.

Recomendo aos gestores que deixam o cargo, prestar atenção aos instrumentos de gestão que devem estar em dia, observar as mudanças que devem ser feitas nas informações do fundo de saúde, afinal é o seu CPF que está lá como ordenador de despesas. Prestar atenção ainda ao patrimônio, prestação de contas e saldo em contas. Façam a transição das informações, isso é primordial, pois a saúde não para um dia sequer. Aos que chegam, tomem posse dessas informações. Nós do Cosems/MT estamos prontos para ajudar o gestor e não deixar a saúde parar.

E assim seguimos, subindo e descendo degraus nessa infinidade de siglas e atividades que envolvem uma área tão primordial para os munícipes que é o SUS!

Escrito pelo Presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso (Cosems/MT) e Secretário de Saúde de Itiquira, Flávio Alexandre dos Santos.



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