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Segunda - 22 de Novembro de 2010 às 20:53
Por: Kelly Martins

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O inquérito da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Administração Pública, da Polícia Civil, aponta que o ex-secretário de Estado de Infraestrutura, Vilceu Marchetti, é peça-chave na investigação do superfaturamento de R$ 44 milhões na compra de maquinários pelo Governo. Para a Defaz, Vilceu é "chefe do bando que surrupiou" dinheiro público em duas licitações.

"Foram dois exercícios financeiros da Polícia Civil Mato-grossense que Vilceu Marchetti e seu bando surrupiaram num só projeto", consta trecho do relatório final, obtido com exclusividade pelo Olhar Direto, Marchetti é tido como o principal articulador junto às empresas que forneceram os caminhões e acusado por ter cobrado vantagem em dinheiro dos empresários.

Trecho do inquérito também revela que o ex-secretário “montou a licitação desde o início, fez contato direto com os empresários e organizou o grupo para cometimento dos crimes”.

Vilceu Marchetti foi indiciado juntamente com outros 11 acusados, sendo dois ex-servidores da Sinfra e nove empresários. Todos acusados por fraude em licitação, corrupção passiva e formação de quadrilha.

O superintendente de Manutenção e Operação de Rodovias da pasta, Valter Antônio Sampaio, teria adulterado documento para “tentar justificar os preços do termo de referência”, conforme relato os delegados fazendários no inquérito policial.

Além disso, é tido como “auxiliar” de Vilceu, tendo participado de todos os atos da licitação e da compra. Já a chefe de gabinete da Sinfra, Suzy Gonçalina Queiroz, também indiciada, servia cegamente ao chefe e teria atuado na lavagem de dinheiro.

“Não atuou nas compras diretamente, mas servia cegamente Vilceu. Sua contribuição é secundária, mas não deixa de ter importância sobretudo na conduta de lavagem de dinheiro”, consta trecho do documento.

O inquérito policial foi finalizado no dia 12 de novembro e é a primeira parte das investigações que foram divididas em três fases. Com os indiciamentos, caberá ao Ministério Público Estadual (MPE) oferecer ou não denúncia contra os envolvidos, o que permitirá à Justiça decidir se instaura ou não processo para julgar o caso.

O segundo inquérito nº 63/2010, foi instaurado para apurar suposta fraude de caminhões e máquinas para formação das patrulhas rodoviárias, na licitação 059/2007. Porém, está em fase adiantada e aguarda relatório da Auditoria do Estado. A terceira fase da investigação vai investigar indícios de lavagem de dinheiro e o inquérito ainda será aberto.

Marchetti deixou as funções no auge do escândalo quando foi citado no relatório da Auditoria Geral do Estado (AGE) como suposto responsável pelas irregularidades detectadas nos pregões nº 87 e 88/2009, realizados pela Sinfra por meio da Central de Licitações da SAD.

O ex-secretário de Estado de Administração, Geraldo de Vitto, também chegou a pedir demissão na ocasião. Conforme já publicado pelo Olhar, um documento preliminar da Delegacia Fazendária e da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) do dia 18 de outubro traz o nome de Vitto na relação de investigados.

Porém, o ex-secretário de Administração não foi indiciado no relatório final da polícia. O sobrepreço de R$ 44,4 milhões equivale a 22% pagos a mais pela aquisição das 705 máquinas e caminhões adquiridos pelo programa “MT 100% Equipado”, e distribuídos aos 141 municípios mato-grossenses.

No decorrer das investigações, o empresário Pérsio Briante, da Extra Caminhões, um dos fornecedores de caminhões ao governo de Blairo Maggi (PR), por meio de delação premiada, contou detalhes dos bastidores do "escândalo das máquinas".

No depoimento, o empresário denunciou também que o dinheiro superfaturado seria utilizado na campanha eleitoral. A equipe de reportagem ligou por diversas vezes no celular do ex-secretário Vilceu Marchetti, mas ele não ratendeu as ligações para comentar os assunto.

Confira abaixo os indiciados e as condutas:

Vilceu Marchetti - Montou a licitação, desde o início, fez contato com os empresários. Cobrou vantagem em dinheiro. Organizou o grupo, para o cometimento dos crimes.

Valter Antônio Sampaio – Auxiliar de Vilceu Marchetti, participou de todos os atos da licitação e da compra. Auxilou a tentativa de dificultar a investigação, adulterou documento da Sinfra para tentar justificar os preços do termo de referência.

Suzy Gonçalina Queiroz de Oliveira – Não atuou nas compras diretamente, mas servia cegamente Vilceu Marchetti. Sua contribuição é secundária, mas não deixa de ter importância sobretudo na conduta de lavagem dei dinheiro.

Otávio Conselvan – Representou a Auto Sueco na negociação com os demais licitantes, assentiu ao esquema proposto a partir do aumento dos preços nos orçamentos encaminhados à Sinfra, que não foram reconhecidos pelo superior hierárquico na empresa.

Silvio Scalabrin – Funcionário da M.Diesel. Participou do ajuste com os demais empresários efetuando os contatos com o empresário Persio Briante e com Harry Klein, da empresa Torino. É na partícipe n o esquema na qualidade de assistente de Rui Denardim.

Harry Klein – Funcionário da Torino. Teria feito acerto com Davi Mondim para que a Iveco Latin América não vencesse os quatro primeiros lotes, conforme denunciado pelo empresário Percio Briante. Acabou se complicando quando assinou a carta justificando os preços da Iveco usando a Torino para isso, que nada tinha no processo licitatório.

Rui Denardim – Proprietário da M. Diesel. Assentiu ao esquema proposto pela Sinfra para aumento dos preços. Participou da reunião para definir a divisão dos lotes e os preços, aumentando-os deliberadamente.

Rodnei Vicente Macedo – Executivo do Grupo Rodobens S/A. Representou a empresa Cuiabá Diesel, aderiu ao esquema de fraude com os demais empresários e aumentou os preços.

José Renato Nucci – Properietário da Tork Sul. Aderiu ao esquema concordando com a divisão dos lotes entre as empresas previamente combinados, entregando as propostas de preço para serem corrigidas por Valter Sampaio.

Valmir Dias Amorim – Proprietário da Dymak. Aderiu ao esquema concordando com a divisão de lotes entre as empresas previamente combinados. Entregou propostas de preço para serem corrigidas por Valter Sampaio e até rascunhou justificativa para a divisão dos lotes a qual não chegou ser juntada no Termo de Referência.

Ricardo Lemos Fontes – Executivo do Grupo Cotril. Aderiu ao esquema concordando com a divisão de lotes e entregou as propostas para serem corrigidas por Valter.

Marcelo Fontes Correa Meyer – Proprietário da Tecnoeste. A empresa não ofereceu orçamentos para a formação do preço de referência, e venceu apenas dois lotes. Mas, os rascunhos da proposta de preço encontrados na residência de Valter Sampaio acabam por comprovar seu envolvimento. 






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