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Saúde
Segunda - 28 de Junho de 2010 às 04:46

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O Hospital das Clínicas, em São Paulo deu início a uma série de testes com um novo método de combate à obesidade que começou a ser testado no Brasil. Sua peça-chave é um dispositivo de plástico em forma de tubo de 62 centímetros, colocado no duodeno por meio de uma endoscopia. Seus resultados, até o momento, são surpreendentes e a previsão é de que, até 2011, esse tratamento já poderá estar acessível. A metodologia também é testada nos Estados Unidos, Holanda e Chile.

Segundo Eduardo Horneaux de Moura, médico do Hospital das Clínicas e coordenador dos trabalhos com este dispositivo no país, houve êxito no controle de perda de peso em 100% dos pacientes. “Em torno de 20% dos pacientes ficam efetivamente sem tomar nenhum medicamento para diabetes”, aponta o médico.

Esse foi um dos resultados mais importantes do trabalho, focado em pacientes que tinham até 200 kg. Números divulgados esta semana revelam que o excesso de peso já atinge 46% dos brasileiros. A situação é pior para 14% da nossa população, que já é considerada obesa. São pessoas ainda longe da obesidade mórbida, mas incomodadas com os quilos extras, que já estão sendo estudados de uma nova perspectiva, microscópica.

Metodologia
O dispositivo de plástico é colocado na porção inicial do intestino do paciente, o duodeno, por onde o alimento ingerido passa. A comida vai mais lentamente do estômago para o intestino, provocando uma sensação de saciedade. Enzimas percorrem a lateral do tubo e atingem o alimento depois que ele sair do tubo. Dentro do tubo, o alimento não recebe as secreções liberadas pelo pâncreas e fígado, que só atingem a comida depois que ela percorreu todo o tubo plástico.

A digestão e a absorção dos alimentos não é completa. O resultado é a perda de peso. De plástico fino e maleável, o tubo ficou durante um período de 12 meses no interior de 78 pacientes muito obesos, que tinham indicação de cirurgia de redução de estômago.

“Perdi 26 kg. Tinha 134 centímetros de abdome, agora estou com 92. A pressão arterial passou de cerca de 18 a 20, para 12 por 7. Minha glicemia era de 378. Hoje estou com média de 80, 70”, compara Paulo de Tarso, um dos pacientes.

Depois da experiência, Paulo afirma ser um homem feliz com sua imagem: “Gosto de me olhar no espelho hoje. Antigamente eu olhava e ficava abaixando o olho porque eu me sentia muito gordo”, comenta Paulo, que tinha diabetes tipo 2, comum em obesos graves.

Cientistas observaram que no intestino de obesos um tipo de bactéria é dominante. Nos magros, essa mesma bactéria aparece em número menor. Dieta e genética seriam as responsáveis por essa diferença.

“Este grupo de bactérias, quando presente, parece determinar uma maior capacidade desse indivíduo ganhar peso. Em um futuro muito próximo acredito que vá surgir alguma proposta de uma terapia”, diz a pesquisadora da USP, Regina Domingues.

“Carregar 200 e tantos quilos não era fácil. Chegou uma hora que o coração sentiu”, diz José Carrera. José sofreu um infarto. Dois anos depois, se submeteu à pesquisa do HC. Emagreceu mais de 50 kg e se prepara para a cirurgia de redução de estômago. “Hoje sou uma pessoa bem mais consciente. É uma pessoa que hoje cuida da saúde”, afirma Carrera.






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