As crianças têm 1, 3, 6, 8, 10, 13, além de um bebê que tem entre um e dois meses. "Ele me batia muito, me empurrava. Ele me procurava de três em três dias, de oito em oito dias, mas eu não pensava que isso fosse crime", disse à Folha a filha, atualmente com 29 anos.

O caso ocorreu em um povoado de Pinheiro, no interior do Maranhão. O resultado do exame de DNA deve ficar pronto em um mês.

Paternidade

Em depoimento, Pereira confirmou que teve relações com a filha, mas negou que seja pai de todas as crianças. As crianças têm certidão de nascimento com pai desconhecido. A jovem disse que escondeu a situação até de um irmão, único que ainda morava na mesma casa.

O lavrador também negou as acusações de violência sexual contra duas filhas-netas. No entanto, um laudo comprovou que a criança de seis anos foi violentada recentemente.

Outra filha do lavrador, de 31 anos, disse que também foi abusada sexualmente e que teve um filho dele.

A delegada regional de Pinheiro (340 km de São Luís), Laura Barbosa, disse que a Polícia Civil já reuniu provas suficientes para o inquérito, mas afirmou que o exame de DNA é fundamental.

"É uma pessoa que não tem noção da gravidade do que cometeu. Ainda não percebeu as implicações que os crimes podem ter", disse.

Segundo a delegada, o lavrador continua em uma cela isolada dos outros presos. Como o município não tem Defensoria Pública, ele continua sem advogado.

Crime

Pereira foi preso em flagrante e deverá responder por cárcere privado e estupro de vulnerável, além de abandono material, abandono intelectual, maus-tratos, pelas condições em que se encontravam a jovem e as crianças.

A equipe de resgate encontrou os meninos e meninas com fome e praticamente sem roupas. "O lugar parecia um chiqueiro. O chão era de areia, uma imundície", diz José de Ribamar Brito, do Conselho Tutelar de Pinheiro, sobre o casebre onde o lavrador manteve a filha em cárcere.