A Marinha de Israel abriu fogo contra um bote palestino matando ao menos quatro militantes vestindo roupas de mergulho, próximo à costa de Gaza. O Hamas, movimento que controla a faixa de Gaza, confirmou ter retirado quatro corpos do mar, e o Fatah, partido palestino da Cisjordânia, disse que o grupo pertence ao seu braço armado.

A operação ocorre uma semana após Israel ter atacado o navio turco "Mavi Marmara", deixando nove mortos e dezenas de feridos. As vítimas eram ativistas que tentavam furar o bloqueio à faixa de Gaza para entregar ajuda humanitária aos palestinos.

 

  Mohammed Saber/Efe  
Equipes dos serviços médicos palestinos em Gaza procuram pelo desaparecido após ataque de Israel
Equipes dos serviços médicos palestinos em Gaza procuram pelo desaparecido após ataque de Israel



No sábado, um navio irlandês, o Rachel Corrie, foi interceptado e 19 integrantes da expedição que também tentava furar o bloqueio foram escoltados até o porto israelense de Ashdod e depois deportados.

De acordo com o jornal israelense "Haaretz", às 4h30 desta segunda-feira (7) no horário local, tropas da Marinha atacaram um bote que levava cinco militantes palestinos que rumavam em direção ao norte, partindo da região do campo de refugiados de Nuseirat, no centro da faixa de Gaza.

As informações que confirmavam a morte de quatro integrantes do grupo foram dadas por fontes palestinas, que retiraram os corpos do mar.

Mais cedo, agências de notícias e a rede britânica BBC Brasil chegaram a relatar que cinco palestinos haviam sido mortos. De acordo com o "Haaretz", fontes de Gaza chegaram a relatar que havia dois sobreviventes.

De acordo com um comunicado do Exército de Israel, as tropas "frustraram um ataque terrorista" ao país. Mais cedo, fontes militares disseram que os soldados agiram contra "um esquadrão de terroristas"

Em nota oficial, o Exército justificou as mortes dos palestinos afirmando que os tripulantes do bote planejavam um ataque a Israel. "Esta manhã cedo uma força da Marinha israelense na região de Nuseirat identificou um esquadrão de terroristas que vestiam roupas de mergulho e se dirigiam para executar um ataque terrorista. A força disparou e atingiu os terroristas", indica a nota.

O Exército acrescenta que "não houve baixas entre as Forças de Defesa de Israel".

Um oficial da Marinha falou em anonimato à Radio Militar de Israel e classificou a operação como um ponto positivo a favor da unidade de elite da Marinha israelense, a Shayetet 13, que vem sendo criticada após ter aberto fogo contra a "Frota da Liberdade" há uma semana.

De acordo com o oficial, os soldados deveriam ser elogiados pela ação desta segunda-feira, "depois da semana difícil que tiveram de suportar".

Fontes palestinas também confirmaram ao jornal israelense que uma aeronave de Israel teria disparado contra o norte da faixa de Gaza, matando ao menos um palestino.

O "Haaretz" diz que há duas semanas as tropas israelenses escaparam de uma bomba plantada por militantes palestinos que explodiu próximo à cerca da fronteira entre a faixa de Gaza e Israel.

A explosão ocorreu um dia depois de ataques com morteiros terem sido disparados de Gaza à cidade israelense de Ashkelon, sem ter causado mortes ou danos consideráveis.

Investigações

Ainda no domingo (6) o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, não aceitou a proposta do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, de criar uma comissão internacional que investigue o ataque à frota que levava ajuda internacional à Faixa de Gaza e que resultou na morte de nove ativistas.

"Disse ao secretário-geral da ONU que a investigação dos fatos deve ser conduzida de forma responsável e objetiva e que estamos buscando outras alternativas", explicou Netanyahu aos ministros do governo de coalizão que militam em seu partido, o Likud.

O primeiro-ministro respondeu assim às informações divulgadas hoje pela imprensa de que tinha dado seu consentimento à ONU para que investigasse os fatos através de uma comissão presidida pelo ex-primeiro-ministro da Nova Zelândia Geoffrey Palmer, especialista em Direito Marítimo, que também contaria com especialistas americanos, um representante turco e outro israelense.

O Escritório do premiê comunicou que Netanyahu havia falado com o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden; o presidente francês, Nicolas Sarkozy; o enviado do Quarteto para o Oriente Médio, Tony Blair, e os primeiros-ministros do Canadá, Geórgia, Bulgária e Grécia em uma rodada telefônica para explicar a postura de Israel sobre o bloqueio a Gaza.

"Israel atuou no caso como teria feito qualquer governo cujo país é atacado por milhares de foguetes e mísseis e se reserva o direito à legítima defesa", disse.

Antes de se reunir com os ministros, o embaixador israelense em Washington, Michael Oren, tinha assegurado à rede "Fox" que o país rejeita uma "investigação internacional". "Estamos tratando com a administração do presidente americano Barack Obama a forma como será realizada nossa própria investigação", acrescentou.

"Na conversa com Ban lhe comuniquei toda a informação que temos sobre a conduta dos membros do grupo extremista turco (o IHH, organizador da frota) que apoia o terrorismo", acrescentou Netanyahu.

COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS