O chanceler Celso Amorim afirmou nesta segunda-feira que o ataque israelense à flotilha que levava ajuda humanitária à faixa de Gaza justifica a tomada uma ação por parte da ONU.

"É um ato muito grave, estamos preocupados com isso, esperamos que a ONU adote alguma ação, e que Israel possa atender ao que for solicitado", disse.

Segundo Amorim, a embaixadora brasileira na ONU já foi instruída a apoiar convocação do Conselho de Segurança para discutir o caso. "Espero que o presidente do Conselho de Segurança dê uma declaração forte", disse.

 

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A cineasta brasileira Iara Lee, que estava no comboio atacado em israel
A cineasta brasileira Iara Lee, que estava no comboio atacado em israel



"Não poderíamos ter ficado mais chocados do que com um evento desse tipo. Eram pessoas pacíficas, que não significavam nenhuma ameaça e que estavam procurando realizar uma ação humanitária", disse o chanceler.

Amorim falou à imprensa após participar do 33º período de sessões da Cepal (Comissão Especial para América Latina e o Caribe, entidade da ONU), em hotel de Brasília. Ele afirmou que buscará um caminho pacífico para o incidente, e reiterou que o Brasil é um país amigo de Israel.

"Queremos que Israel viva com segurança, mas não é com essas ações que Israel terá segurança. É tendo a paz com seus vizinhos, paz com os países árabes que os cidadãos israelenses terão a sua paz, a sua tranquilidade", defendeu.

Amorim disse que ainda não conversou com a cineasta brasileira Iara Lee, que estava em um dos navios da flotilha.

Tudo indica que o incidente ocorreu em águas internacionais. O governo brasileiro enviará em breve um diplomata para acompanhar as investigações e dar assistência à brasileira.

Comunicado

Anteriormente nesta segunda-feira, o governo brasileiro condenou, em nota oficial, o ataque ao comboio humanitário organizado pela ONG Free Gaza, um grupo de seis navios liderados por uma embarcação turca que transportava mais de 750 pessoas e 10 mil toneladas de ajuda humanitária para a faixa de Gaza, deixando ao menos dez mortos e 30 feridos.

 

  Arte/Folha  



"O Brasil condena, em termos veementes, a ação israelense, uma vez que não há justificativa para intervenção militar em comboio pacífico, de caráter estritamente humanitário. O fato é agravado por ter ocorrido, segundo as informações disponíveis, em águas internacionais. O Brasil considera que o incidente deva ser objeto de investigação independente, que esclareça plenamente os fatos à luz do Direito Humanitário e do Direito Internacional como um todo", diz o governo brasileiro no comunicado.

O Brasil defende que o bloqueio imposto à faixa de Gaza seja levantado "imediatamente", com o objetivo de garantir a liberdade de locomoção de seus habitantes e o livre acesso de alimentos, remédios e bens de consumo aos territórios da região.

Outros países

Em visita ao Chile, o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta segunda-feira que Israel cometeu um ato de "terrorismo de Estado, "demonstrou que não quer a paz na região" e "violou a lei internacional".

O ministro de Defesa do Irã fez nesta segunda-feira um apelo à comunidade internacional para que cortem todas as relações com Israel após a morte de ativistas que levavam ajuda humanitária à faixa de Gaza a bordo de navios nesta segunda-feira.

Os Estados Unidos lamentaram a ação e indicaram que uma investigação deve apurar os detalhes da ação militar.

A Rússia considera que o ataque das tropas israelenses contra uma frota pró-palestina que levava ajuda humanitária à faixa de Gaza constitui uma "grosseira violação do direito internacional", segundo comunicado oficial divulgado nesta segunda-feira.