A apreensão foi feita na sede de uma empresa exportadora, o frigorífico Sigel, que também beneficiava o produto. Segundo o chefe da divisão de fauna e pesca do Ibama-PA, Leandro Aranha, a empresa tinha licença para exportar apenas uma tonelada de produtos por mês.

O órgão apontou também que a Sigel não tinha o registro de pesca --concedido pelo Ministério da Pesca--, que indica de onde vêm os peixes comercializados e de que espécies são. Além das barbatanas de tubarão, foram apreendidas também duas toneladas de bexigas natatórias de outros peixes.

De acordo com Aranha, o produto apreendido é bastante valorizado no mercado internacional: as bexigas natatórias custam de R$ 21 a R$ 80 o quilo, enquanto as barbatanas custam até R$ 75 o quilo.

Uma apreensão como esta, explica o funcionário do Ibama, indica o risco de que os tubarões estejam sendo mortos só para a comercialização da barbatana _muito mais valorizada do que a carne de cação.

"Só nesse carregamento, com três toneladas de barbatana, seria preciso vender 63 toneladas só de carne. É muita coisa", afirma Aranha. A impressão geral, segundo ele, é de que não há mercado no país para essa quantidade de cação.

No Brasil, a pesca de tubarões se concentra no litoral do Nordeste, especialmente no trecho entre o Amapá e o Rio Grande do Norte.

Para Aranha, porém, a legislação sobre a pesca do animal no Brasil é "muito frouxa". "A instrução normativa [que regulamenta o tema] só tem quatro linhas", diz.

Ele sugere que o país faça um estudo sobre a diminuição da população comparada a seus níveis históricos, para comprovar que está se pescando mais do que a possibilidade de reprodução das espécies, e que, a partir daí, se estabeleça novos critérios para a pesca de espécies ameaçadas.

Em contato telefônico às 15h30, a Sigel do Brasil Comércio e Exportação informou que não havia nenhum funcionário para comentar o ocorrido naquele momento, já que o expediente tinha terminado.
 

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