Os vídeos chegaram pelo correio, sem o nome do remetente. Eles mostram o momento em que a equipe tenta reanimar Abnoão Soares de Oliveira com massagem cardíaca.
Apesar do esforço, o soldado alagoano da Força Nacional de Segurança, de 34 anos, teve uma parada cardíaca e morreu.
Mais três alunos passaram mal durante o treinamento dado pela Polícia Militar de Mato Grosso para formar tripulantes de helicópteros, no mês passado, em Cuiabá. Ao lado de Abnoão, o aluno Tiago Mendes da Silva também é socorrido.
Um outro vídeo gravado no mesmo dia mostra o resgate de Luciano Frezato, do Paraná, em uma maca improvisada com um pedaço de tábua.
Para a delegada Ana Cristina Feldner - que comandou as investigações, os instrutores procederam de forma abusiva. O prazo para apnéia seria de 10 segundos e os alunos foram submetidos a caldos, quando a pessoa é mantida debaixo d’água, de até cinco minutos.
"O afogamento é um meio de tortura. Ele foi colocado realmente em condições subhumanas de suportar. Pessoas com golpes de ‘mata-leão’, com golpes de jiu-jitsu, segurando a outra até debaixo d´água, então realmente fugiu do parâmetro de qualquer treinamento", afirma a delegada.
A delegada pediu, nesta terça-feira (25), a prisão dos instrutores, os tenentes Carlos Evane Augusto e Dulcézio Barros de Oliveira - indiciados por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, sem chance de defesa e por meio de tortura. Pediu ainda a prisão do sargento Moris Fidelis Pereira, do cabo Antônio Vieira de Abreu Filho e do soldado Saulo Ramos Rodrigues - indiciados por tentativa de homicídio.
Além do inquérito civil também foi instaurado um inquérito militar para apurar a morte do soldado, que ainda não foi concluído. O comandante da Polícia Militar disse que os policiais suspeitos de envolvimento com as denúncias de tortura vão continuar trabalhando normalmente até que a Justiça decida sobre os pedidos de prisão.
O secretario de Justiça e Segurança Pública do Mato Grosso, Diógenes Curado, defendeu o treinamento.
"O problema não é o treinamento em si, são os excessos. O treinamento é um treinamento de força. Há necessidade que seja feito dessa forma se não você não vai formar um policial de forma adequada", explica Curado.
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