Henry, Abicalil e Silval teriam sido flagrados em grampo telefônico da Polícia Federal. Henry joga a culpa em Abicalil enquanto Silval garante que nunca falou com Valdebran Padilha
Em grampo telefônico, Henry, Abicalil e Silval teriam avalizado "aloprado"
A Polícia Federal teria interceptado ligações telefônicas que ligariam o deputado federal Pedro Henry (PP) e o governador de Mato Grosso Silva Barbosa (PMDB) ao empreiteiro preso na última quarta (7) durante a Operação Hygeia, Valdebran Padilha, que ficou conhecido em todo o país como “aloprado” no caso da compra de um dossiê contra tucanos nas eleições de 2006. Henry teria dado aval para liberação de recursos públicos de interesse de Padilha, conforme aponta uma escuta telefônica feita pela PF em fevereiro de 2009. Ainda segundo a mesma gravação, Silval, que na época era vice-governador, teria sido um dos avalistas. Os dois negam a ligação com Padilha, conforme revela o jornal Folha de São Paulo desta segunda (9).
As investigações também apontariam o deputado federal Carlos Abicalil como avalista de Padilha. O diálogo que compromete Silval e Henry foi citado na decisão do juiz federal Julier Sebastião da Silva, que determinou a prisão de 35 pessoas acusadas participar de um esquema que desviava recursos da Funasa. Eles foram presos em Mato Grosso, Rondônia, Goiás e Distrito Federal e são acusados de causar um rombo de pelo menos R$ 51 milhões ao erário. Segundo a PF, o prejuízo pode chegar a R$ 200 milhões. Todos devem ser indiciados por formação de quadrilha, estelionato, fraude em licitações, apropriação indébita, lavagem de dinheiro, peculato, corrupção ativa e passiva, prevaricação, dentre outros.
Por enquanto, todos continuam presos, mas os advogados de defesa já recorreram ao TRF para reverter a prisão preventiva. Entre as pessoas acusadas de participar do esquema estão o ex-prefeito de Santo Antônio do Leverger Faustino Dias Neto (DEM), Valdebran, o coordenador da Funasa Marco Antônio Stangherlim, o secretário-geral e o tesoureiro do PMDB Rafael Bastos e Carlos Miranda, respectivamente, e o sobrinho do deputado federal Carlos Bezerra (PMDB), Jose Luís Bezerra.
Segundo as investigações, uma das empreiteiras de Padilha atuava em Cáceres, curral eleitoral de Henry. Numa das ligações ele aparece conversando com Carlos Miranda e relata que negociava um empréstimo com uma pessoa de pré-nome Marilena, mas que ela exigia “garantia de pagamento, ou seja, o compromisso de que Silval liberaria dinheiro para obra ou projeto do interesse do aloprado”, relata a reportagem. Carlos afirmou então que a “operação” estava garantida.
"Silval ligou pro Yuri, ligou pro Pedro Henry e falou: ó Marilena, se você quiser fazer essa operação (de empréstimo), pra esse pessoal, você pode fazer porque eu já chequei, está assinado, está tudo averiguado. Esse recurso já era pra ter até saído". Os recursos liberados seriam destinados à realização de bailes de carnaval. Na época Yuri era secretário estadual de Turismo. Hoje ele é um dos diretores da Agecopa.
Outro lado
Procurado pelo RDNews Silval negou qualquer ligação com Padilha. Assegura que não conhece o empreiteiro e que nunca conversou com ele. “Não conheço Valdebran Padilha. Nunca avalizei nenhuma liberação de recursos para ele”, declarou Silval. O governador disse também que este tipo de ligação do escândalo da Funasa com o seu nome deve ser uma articulação do “comitê da maldade”, numa referência a um grupo de tucanos que ficaram conhecidos por articular a veiculação de panfletos apócrifos nas eleições. Silval é pré-candidato à reeleição e é adversário do ex-prefeito de Cuiabá Wilson Santos (PSDB).
Henry também assegurou que não tem ligações com Padilha. Ele aproveitou ainda para dizer que a obra, feita pela empreiteira em Cáceres (MT), foi tocada com emenda do deputado Carlos Abicalil (PT-MT). O petista trocou ligações com envolvidos no caso do dossiê, mas nega relação com o caso. Nesta quinta (8) ele disse que propôs emenda genérica para obras com recursos no Ministério das Cidades, mas quem definiu o projeto e a empreiteira foi a Prefeitura de Cáceres. Roger Fernandes, advogado de Valdebran, disse que o inquérito é confuso porque misturou três linhas de investigações diferentes e, por isso, não há como comentar a ligação entre Valdebran e Miranda.
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