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Internacional
Sábado - 27 de Março de 2010 às 19:49

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Agências ocidentais de inteligência suspeitam de que o Irã planeje construir mais usinas nucleares, desafiando a oposição da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), informou o site na internet do jornal americano "The New York Times" neste sábado.

De acordo com o "NYT", inspetores que monitoram as atividades nucleares do Irã estão à procura de evidências a respeito de tais locais, e tentando identificar o paradeiro de novos equipamentos para o enriquecimento de urânio, recentemente fabricados por Teerã.

Em entrevista à Agência de Notícias dos Estudantes Iranianos, Ali Akbar Salehi, diretor da Agência de Energia Atômica iraniana, afirmou que o presidente Mahmoud Ahmadinejad havia ordenado o início da construção de duas novas plantas nucleares. Segundo Salehi, tais instalações seriam construídas dentro de montanha, para protegê-las de bombardeios.

"Se Deus quiser, começaremos a construção dos dois novos centros de enriquecimento depois do Ano Novo iraniano [que começou em 21 de março]", acrescentou ele à agência.

A suspeita vem à tona em um momento em que a Casa Branca tenta impor um novo pacote de sanções contra o Irã. No ano passado, após a descoberta da existência de uma usina nuclear em Qom, o Irã já havia anunciado que pretendia construir mais dez centros de enriquecimento de urânio nos próximos anos. No entanto, tal informação foi minimizada na ocasião pelos EUA, que argumentaram que o Irã não teria tal capacidade nem recursos.

Relatório

Segundo o último relatório da AIEA, o Irã tinha no fim de janeiro deste ano, 2.065 quilos de urânio levemente enriquecido, do qual o país produz pouco mais de cem quilos por mês.

O Irã recusou um projeto de acordo apresentado em outubro do ano passado com a mediação da AIEA.

O projeto previa que a entrega por parte do Irã à Rússia de 1.200 quilos de urânio enriquecido a 3,5% para o enriquecimento a 20%, antes de ser transformado pela França em combustível para o reator de pesquisas de Teerã, que fabrica isótopos para produtos médicos.

Teerã justificou a recusa com a afirmação de que o projeto de acordo não apresentava as garantias necessárias para a entrega do combustível.

Com a paralisação das negociações, o Irã começou a enriquecer o urânio a 20% em fevereiro, ao mesmo tempo que anunciou a disposição de interromper o processo se as grandes potências aceitassem a troca com as condições iranianas.

China e Rússia

Sinalizando uma mudança de posição, a China e a Rússia declararam na quarta-feira (24) que pediram ao Irã que aceite a proposta da AIEA, enriquecendo seu urânio em outros países.

De acordo com a chancelaria russa, representantes do governo de Moscou e Pequim estiveram em Teerã e mantiveram diálogo com o Ministério de Relações Exteriores iraniano.

Na semana passada, o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que o governo de Ahmadinejad estaria "deixando escapar a oportunidade" de manter uma cooperação normal com a comunidade internacional.

Na ONU, diplomatas ocidentais afirmaram que era siginificante o fato de a Rússia e a China --as potências mais relutantes quanto à imposição de sanções ao Irã-- estarem agora pressionando para que o país aceite as ofertas da AIEA.

O Irã rejeita as alegações do Ocidente de que busca construir armas nucleares, e insiste que seu programa tem como único objetivo a geração de energia.

Cinco resoluções do Conselho de Segurança da ONU pedindo a paralisação do programa nuclear já foram ignoradas pelo país.






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