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Meio Ambiente
Terça - 30 de Outubro de 2007 às 18:42

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O arquiteto Oscar Niemeyer pode ter sido listado como um dos 100 maiores gênios vivos da humanidade pela empresa de consultoria empresa Synectics, mas talvez sua inteligência privilegiada não se destacasse tanto se comparada à de um simples adolescente de hoje por meio de um teste de QI. Parece loucura, mas são os que os dados dizem: a cada geração, o QI medido em praticamente todo o mundo tem aumentado entre 15 e 20 pontos, ou o equivalente a um quinto da inteligência "total" de uma pessoa mediana (que "vale" 100 pontos).

O fenômeno bizarro tem nome: efeito Flynn. A expressão homenageia o pesquisador americano naturalizado neozelandês James Flynn, da Universidade de Otago, que estuda a variação da inteligência há décadas e foi o primeiro a dar de cara com o aumento progressivo de QI, nos anos 1980.

Flynn começou seu trabalho tentando derrubar a velha idéia de que negros e brancos americanos teriam QIs fundamentalmente diferentes, e acabou notando que as pessoas que faziam testes antes aplicados a seus pais se davam, na média, bem melhor que eles. O efeito poderia passar batido porque, periodicamente, os testes são "zerados" e a pontuação média é sempre repassada para 100, o valor-padrão de QI de uma pessoa normal, mas o truque de Flynn fez com que o fenômeno fosse exposto.

Outros psicólogos, intrigados com os achados, foram atrás da história e a replicaram em diversos países, como Argentina, Holanda, Israel, Quênia, China e o próprio Brasil (hoje, Flynn tem conjuntos semelhantes de dados para 23 países). O resultado é mais ou menos sempre o mesmo: a cada geração de 30 anos, um aumento médio de 20 pontos de QI.

Sem ajuda da escola

O mais curioso é onde esse aumento está acontecendo. Os testes de QI avaliam uma série de habilidades e, caso a mudança se devesse ao maior número de informações e a melhoria da escolaridade no mundo moderno, o esperado seria que os conhecimentos aprendidos na escola fossem os mais afetados. No entanto, não é isso o que acontece: o impacto maior do efeito Flynn parece estar ligado a testes de raciocínio lógico e espacial que teriam pouquíssimo conteúdo cultural, ou seja, não dependeriam do que se aprende na escola.

O que isso significa para o conceito de inteligência e de genialidade? Afinal, se esse aumento tem sido constante, gênios da Antigüidade e do Renascimento pareceriam burros de carga, com QI "negativo", perto de um adolescente moderno. É por isso que os pesquisadores têm sido cautelosos em relacionar diretamente esse aumento de QI a um aumento "real" de inteligência.

A hipótese defendida pelo próprio Flynn tem a ver com mudanças sociais e ambientais impactando o desempenho das gerações mais novas. Para ele, fatores como a diminuição do número de filhos e o aumento do lazer (inclusive o eletrônico, inexistente para as gerações mais velhas) teriam aumentado a exposição das crianças a experiências "ampliadoras" de QI.




Fonte: G1

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