Publicidade
Repórter News - www.reporternews.com.br
Meio Ambiente
Terça - 04 de Setembro de 2007 às 18:36

    Imprimir


A América Latina e o Caribe perdem entre US$ 5 mil e US$ 50 mil por cada hectare desertificado, em um processo "quase desconhecido e invisível" que, associado aos altos níveis de pobreza, intensifica os processos migratórios.

A declaração foi feita à agência Efe pelo coordenador para a América Latina e o Caribe da Secretaria da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação (Cnuld), o hondurenho Sergio Zelaya.

Ele participa da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8), que está sendo realizada em Madri, para debater este problema mundial.

A seção dirigida por Zelaya está estudando os custos da desertificação em uma região de 20 milhões de quilômetros quadrados.

As primeiras conclusões mostram que, por cada hectare desertificado, as economias dos países afetados perdem entre US$ 5 mil e US$ 50 mil. O cálculo, segundo o especialista, baseia-se no montante que estas terras deixam de produzir.

O estudo é focado na situação dos países latino-americanos e estima que, "nos países não tão extensos, como os das América Central e do Caribe, os custos chegam a ser maiores".

"Falta-nos um nível de conscientização que permita às empresas que estão localizadas nessas regiões compreender que a prevenção é um bom negócio", disse Zelaya.

A globalização, segundo ele, provocou na região a necessidade de produzir bens agrícolas exportáveis de maneira rápida, como a soja, na América do Sul, e as frutas, na América Central.

Estes processos, porém, não foram acompanhado pelos devidos cuidados para evitar a superexploração do solo ou o uso abusivo de pesticidas.

Recentes estudos do Instituto Internacional para a Pesquisa em Políticas Alimentares (IFPRI) também evidenciaram a erosão e o esgotamento dos nutrientes do solo, e mostraram ainda a conseqüente diminuição da fertilidade e o enfraquecimento dos ecossistemas agrícolas da América Latina e do Caribe.

A situação chegou a um ponto em que, segundo a Cnuld, "a capacidade da região para se retroalimentar começou a ser ameaçada".

No entanto, existe margem de reação, segundo garantiu Zelaya, para quem o problema da degradação dos solos latino-americanos e caribenhos "pode ser revertido".

"Isto só ocorre porque as terras são altamente produtivas", afirmou.

Sua coordenadoria está investigando alternativas para a superexploração da terra, e uma primeira possível solução foi encontrada na pesquisa das técnicas tradicionais.

"Somente nos países andinos, encontramos mais de 2.500 técnicas e práticas tradicionais de gestão de solos que são sustentáveis e que poderiam ser aplicadas hoje em dia", afirmou Zelaya, referindo-se ao uso e à exploração agrícola praticadas pelos indígenas.



Embora não deva gerar "grandes benefícios imediatos", o resgate destas técnicas pode representar uma garantia de sobrevivência a longo prazo, que "pode ser de grande interesse para as empresas que exportam bens e serviços agropecuários", acrescentou.

Ele também destacou a relação que existe entre desertificação e pobreza, e a conseqüente geração de fluxos migratórios.

A maioria das pessoas que habitam as terras degradadas está à margem da sociedade, segundo apontam os dados da Cnuld.

A população rural da América Latina e do Caribe é de aproximadamente 120 milhões de habitantes, dos quais 53% são pobres.

Não há dados exatos sobre a fatia da população nas zonas áridas rurais da região, mas há informações de que no Chile, por exemplo, 1,5 milhão de pessoas (13% da população nacional) serão afetadas diretamente por processos de degradação da terra.




Fonte: Olhar Direto

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/208452/visualizar/