Mato Grosso perdeu 21,4 milhões ha de florestas em 38 anos MapBiomas aponta que a perda foi intensa nos últimos anos e o principal fator de devastação foi a apropriação da agropecuária
Mato Grosso é o Estado brasileiro que mais perdeu área florestal natural entre 1985 e 2022.
Ao longo do período, o Estado teve 21,4 milhões de hectares suprimidos.
É o que revela novo “Mapeamento Anual da Cobertura e Uso da Terra no Brasil”, realizado pelo MapBiomas, divulgado na sexta-feira (20).
Depois do Estado, o Pará aparece em segundo com 18,4 milhões hectares de floresta perdidos. Já os estados de Rio de Janeiro e São Paulo ganharam área de floresta entre 1985 a 2022.
Os dados do MapBiomas são obtidos a partir do monitoramento do território brasileiro por satélites.
Ainda assim, área de floresta em Mato Grosso, no Amazonas e o Pará representa mais da metade da área das florestas brasileiras (58%). No território mato-grossense, são 47 milhões de hectares.
Já o Amazonas apresenta a maior área de floresta com 145 milhões de hectares, quase um terço das florestas do país (29%), seguido do Pará (93 milhões de hectares).
No país, o estudo revela que a perda de florestas naturais foi intensa. Segundo o MapBiomas, área ocupada por florestas naturais passou de 581,6 milhões de hectares para 494,1 milhões de hectares, ou seja, uma redução de 15%.
“Os últimos cinco anos responderam por 11% dos 87,6 milhões de hectares de florestas naturais suprimidas nestes 38 anos. Desse total, mais de 75 milhões de hectares estavam em propriedades privadas”, diz.
O mapeamento de florestas naturais abrange tipos diversos de cobertura arbórea, como formações florestais, savanas, florestas alagáveis, mangue e restinga. Juntos, esses ecossistemas ocupam 58% do território nacional.
Quando todos eles são considerados, Amazônia (78%) e Caatinga (54%) são os biomas com maior proporção de florestas naturais em 2022.
Os biomas que mais perderam florestas naturais entre 1985 e 2022, por sua vez, foram Amazônia (13%) e Cerrado (27%).
O estudo aponta ainda que quase totalidade (95%) da conversão de florestas naturais foi para a agropecuária, ou seja, após o desmatamento a área foi convertida para uso agropecuário, seja pastagens ou cultivo agrícola.
“As florestas são importantes não apenas para manter o equilíbrio climático, mas também para proteger os serviços ecossistêmicos vitais para a sociedade e sua economia. A perda contínua das florestas representa uma ameaça direta para a biodiversidade, a qualidade da água, a segurança alimentar e a regulação climática”, disse Julia Shimbo, coordenadora Científica do MapBiomas.
ONDA DE CALOR - Estudos apontam que as florestas regulam a temperatura através de suas árvores, que extraem água do solo continuamente e a vaporizam através de suas folhas, dissipando o calor.
Mato Grosso, no entanto, vem enfrentando uma forte onda de calor que pode deixar a temperatura até 5°C mais alta que o normal para essa época do ano, que normalmente já apresenta índices em torno dos 40ºC.
O alerta foi emitido no início desta semana pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e deve durar no mínimo até terça-feira (24).
No Estado, a massa de ar quente também derrubou a umidade relativa do ar (URA) a níveis críticos para a saúde humana.
A Defesa Civil recomenda uma séria de cuidados, como se manter hidratado, evitar exposição ao sol entre 10 horas e 16h e se manter em ambientes frescos.
Comentários