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Sexta - 23 de Setembro de 2011 às 07:36
Por: ADILSON ROSA E ALECY ALVES

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Geraldo Tavares/DC
No velório, tio da vítima e também catador, mostrou revolta por falta de alerta sobre perigo no local
No velório, tio da vítima e também catador, mostrou revolta por falta de alerta sobre perigo no local
O catador de lixo Reginaldo Aparecido Pereira da Silva, de 23 anos, morreu esmagado por um trator de esteira no aterro sanitário de Cuiabá. O acidente ocorreu anteontem à tarde, quando ele recolhia materiais para reciclagem atrás do trator em movimento.

Reginaldo apanhava latinhas e outros produtos quando o veículo em manobra de marcha ré o surpreendeu. Reginaldo estava na companhia de outros catadores, mas todos conseguiram correr. Alessandro Pereira, irmão dele, que também recolhia lixo, disse que a vítima ainda tentou escapar pulando de lado.

A esteira o atingiu do abdômen para baixo, provocando esmagamento parcial do tronco e das duas pernas. De acordo com parentes, Reginaldo foi levado ainda com vida para o Pronto-Socorro Municipal, mas morreu antes de dar entrada na unidade hospitalar.

Conforme Alexandre, a marcha ré não é uma manobra comum, o que sempre permitia que seguissem o trator em uma distância de alguns metros, que consideravam segura. Alexandre lamentou por não ter conseguido avisar o irmão a tempo de evitar o acidente.

O tio de Reginaldo, Divino Teodoro de Oliveira, que também trabalha como catador, contou que no “lixão” pelo menos 150 desempregados se amontoam diariamente em busca de materiais que possam ser comercializados.

Conforme Divino, até a data do acidente não havia nenhum controle sobre a presença de catadores no local, que fica a cerca de 300 do aterro sanitário controlado pela prefeitura, onde trabalhavam apenas catadores inscritos em uma cooperativa específica.

O próprio Divino disse que trabalha no “lixão” há pouco mais de um ano, assim como seu sobrinho Reginaldo e outros parentes e vizinhos do Jardim Novo Paraíso. Revoltado com a morte, Divino denunciou que até crianças de 8 anos frequentam o depósito e que esse não seria o primeiro acidente.

“Nunca havia ocorrido morte, mas já vi pessoas com pés e mãos machucados, gente que quase perdeu membro por causa de infecção, mas que preferiram ficar caladas porque não tinham opção, precisavam continuar catando lixo”, relatou. Somente ontem, após o acidente, disse, foram fixadas placas proibindo o acesso de catadores.

A mãe de Reginaldo, dona Lucimara Abadia, também é catadora, mas é associada à cooperativa e trabalha na seleção de produtos nas esteiras do aterro.

O motorista do trator fugiu do local sem prestar socorro ao catador. A morte está sendo investigada pela Delegacia do Complexo do Planalto, onde a delegada Ana Antônia Soares designou uma equipe para atuar no caso. Ela deverá ouvir as primeiras testemunhas nas próximas semanas. Reginaldo deixou mulher e uma filha de apenas 9 meses.




Fonte: Do DC

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