Carros recuperados pela polícia esperam proprietário no estacionamento da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos, em Brasília. (Foto: Mariana Zoccoli/ G1)
“Nos anos 90 se fazia muito desmanche, mas isso não está em uso. Há os carros que são usados em outros crimes e abandonados. Mas hoje o que está em voga é a adulteração de sinais identificadores [placa, vidros, chassi e motor], que tem um custo muito menor para o bandido. Em cerca de 80% dos localizados só se altera o identificador e ele pode ser devolvido”, diz.
Por causa da grande incidência desse crime, qualquer proprietário de carro roubado encontrado pela polícia é preso em flagrante por crime de receptação. “A história é sempre a mesma. As pessoas falam: ‘Comprei esse carro em dinheiro, numa feira, o antigo proprietário não atende mais o telefone’. Eles dizem que o proprietário sumiu antes de passar o carro para seu nome, mas ninguém procura a polícia para dizer que foi vítima de um golpe.”
O delegado afirma que os carros roubados no DF são geralmente vendidos na região, no Entorno ou em estados do Norte e do Nordeste, onde há menos fiscalização.
Líderes
Motos no estacionamento da DRFV, em Brasília
(Foto: Mariana Zoccoli/ G1)
As regiões administrativas que tradicionalmente lideram o ranking de crimes ligados a veículos no DF são Plano Piloto (145 furtos e 22 roubos), Taguatinga (97 furtos e 37 roubos), Ceilândia (92 furtos e 39 roubos) e Samambaia (45 furtos e 23 roubos).
Os números refletem características da urbanização e da estrutura viária desses lugares, segundo Martins. Brasília seria ideal para furtos por ter muitos prédios antigos sem estacionamento fechado, tanto em quadras residenciais, quanto em prédios públicos, como na Esplanada dos Ministérios.
“Pela quantidade de veículos, a cidade se torna um banquete a céu aberto”, diz o delegado. De acordo com o Detran, em fevereiro deste ano havia 1,25 milhão de veículos registrados no Distrito Federal.
Os roubos seguiriam outra lógica. Enquanto no Plano Piloto, a fuga é dificultada pelo trânsito fechado e lotado, nas regiões administrativas há muitas saídas para outras cidades.
Outras regiões violentas do DF que costumam ter altos índices de homicídios e assaltos apresentam índice quase zero de roubos e furtos de veículos. As regiões da Estrutural e do Itapoã tiveram um roubo e um furto cada em junho. O Varjão teve um furto e nenhum roubo no mesmo período. “Essas [regiões] são fornecedoras de "mão de obra" e muitos bandidos não praticam crime em sua própria região”, afirma Martins.
Segundo o delegado, os carros mais procurados para roubo são os mais novos e potentes, para facilitar a fuga (veja tabela no início da reportagem). Os mais antigos são preferidos para furto, pela fragilidade do sistema de segurança.
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