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Sábado - 23 de Julho de 2011 às 07:52
Por: Amanda Alves

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Sessenta por cento dos mato-grossenses afirmam que a cor ou raça têm influência na vida das pessoas. O trabalho é a situação mais afetada a partir destas características, aponta a pesquisa amostral desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2º lugar está a relação da cor da pele ou raça com a Polícia e Justiça, seguida do convívio social, escola, repartições públicas e casamento. Nas ruas de Cuiabá, a população confirma que o preconceito não tem "rosto" definido, mas é explícito por meio de olhares e tratamentos desiguais.

Uma entrevista de emprego para a vaga de telefonista nunca mais foi esquecida pela aposentada Casperina Cardoso, 62. Ela já estava há 10 anos na função, mas queria migrar para uma empresa diferenciada, na área de comunicação. Na antessala do entrevistador, vários candidatos, inclusive quem um dia Casperina ensinou o ofício, disputavam a vaga. Ela afirma que na oportunidade era a mais experiente. Mas o resultado do processo seletivo não confirmou suas expectativas.

A cor da pele negra foi decisiva para ser descartada para ocupar a vaga. "Eu fiquei muito constrangida, porque pessoas que aprenderam comigo tinham entrado e eu não".

Após atuar durante de 17 anos no atendimento ao telefone, ela passou para outro ramo, de cozinheira. Neste setor nenhuma situação ruim foi revivida por Casperina.

A empresa em que o vendedor Eduardo Coelho, 21, já trabalhou, fazia a primeira seleção dos candidatos no hall de entrada. Se não fossem com características boas, nem iria para a entrevista. O mesmo lhe aconteceu em outra empresa, quando foi disputar uma vaga. Ele havia se acidentado de motocicleta e com cicatrizes no rosto. Eduardo garante ter sido desclassificado por causa das sequelas.

A palavra preconceito não faz parte do vocabulário e nem entendimento do nordestino Sebastião Muniz de Souza, 47. O salgadeiro da praça Alencastro, na região central da Capital, tem dificuldades em responder sobre o assunto. Mas, quando perguntado se vê diferenças entre uma pessoa de cor branca e outra de cor preta, ele é taxativo. "A cor que diferença faz? É a falta de educação que mais pode fazer diferença. Todo mundo é filho de Deus".

Quem trata mal alguém devido a cor ou raça quer se "aparecer", analisa o salgadeiro.

Na experiência do aposentado Lindolfo da Conceição Santana, 67, o preconceito existe. Mas muitas situações não devem ser vistas como preconceituosas, mesmo que prevista como crime de racismo. Piadas envolvendo negros não são por "maldade", justifica. Lindolfo afirma não ser preconceituoso e lança o comportamento à elite. As pessoas de renda alta são as que fomentam o preconceito na opinião dele.

A "Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça" (PCERP) do IBGE foi realizada com pessoas com 15 anos ou mais em Mato Grosso e outros 5 estados. Distrito Federal (77%) teve o maior percentual de reposta afirmativa para a influência da cor ou raça na vida das pessoas, seguido de São Paulo (65,4%) e Paraíba (63%). Os estados de Rio Grande do Sul (57,9%) e Amazonas (54,8%) completam a pesquisa. Na média nacional, 63,7% dos entrevistados afirmaram que a cor ou raça influenciam na vida das pessoas.





Fonte: Do GD

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