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Internacional
Terça - 19 de Abril de 2011 às 04:58

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O chefe das operações militares da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Líbia, o tenente-general Charles Bouchard, acusou na segunda-feira as forças leais ao ditador Muammar Gaddafi de se esconderem em hospitais e de atirarem em civis dos telhados de mesquitas na cidade de Misrata, controlada por rebeldes.

Misrata, a terceira maior cidade da Líbia, está cercada por militares de Gaddafi há sete semanas, durante as quais centenas de civis teriam sido mortos. Segundo as pessoas que deixam o local, as condições estão se tornando cada vez mais desesperadoras.

"As forças do regime usam francoatiradores posicionados nos telhados de mesquitas, eles estão se escondendo perto de hospitais, eles colocam veículos blindados em escolas e até andam à paisana", disse Bouchard à imprensa canadense.

O canadense Bouchard classificou as táticas usadas por Gaddafi de "desleais" e "imorais", e disse que estava preocupado com a situação humanitária em Misrata.

"Há algum sofrimento, mas posso garantir uma coisa: o sofrimento seria muito, muito maior se nós (Otan) não estivéssemos lá... as mortes seriam em milhares."

AJUDA HUMANITÁRIA

Mais cedo o regime do ditador líbio prometeu à ONU (Organização das Nações Unidas) acesso à Misrata, cidade que tem sido alvo nas últimas semanas de intensos bombardeios das forças governistas. Estimativas de fontes locais indicam que até mil pessoas morreram e 3.000 ficaram feridas nos confrontos em Misrata, desde o fim de fevereiro.

O acordo, confirmado por fontes da ONU e pelo porta-voz do regime líbio, foi alcançado no domingo e permite que a organização entregue ajuda humanitária à Misrata e outras cidades do leste líbio sob controle de Gaddafi. A ONU já havia organizado uma operação de ajuda na parte leste do país sob controle dos rebeldes.

O porta-voz líbio, Moussa Ibrahim, confirmou que o acordo inclui a instalação de um corredor humanitário até Misrata, cidade de 300 mil habitantes e único reduto rebelde no oeste líbio.

"O acordo é para providenciar passagem segura para as pessoas deixarem Misrata, para dar ajuda, comida e medicamentos", disse Ibrahim.

O governo líbio nega ter usado armas pesadas contra Misrata, onde rebeldes mantêm a grande custo controle sobre o porto, único contato com o exterior.

Residentes e fontes dos hospitais da cidade descrevem, contudo, fortes bombardeios no fim de semana. Somente no domingo, 17 pessoas morreram e outras 70 ficaram feridas.

CESSAR-FOGO

Em Budapeste, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta segunda-feira um cessar-fogo na Líbia e anunciou que pretende ampliar a ajuda humanitária a Trípoli.

"Temos três objetivos: primeiro um cessar-fogo imediato e efetivo, segundo estender nossa ajuda humanitária aos que necessitam, terceiro continuar o diálogo político e a busca de uma solução política", declarou Ban a um grupo de jornalistas durante uma visita oficial de três dias a Hungria.

"Vista a magnitude da crise, se os confrontos prosseguirem, é absolutamente necessário que as autoridades líbias parem os combates e de matar as pessoas", insistiu.

Apesar das negociações para obter uma solução política prosseguirem, o secretário-geral da ONU pediu uma ação internacional "combinada e em coordenação com o povo líbio".

"Uma vez obtido o cessar-fogo, a Líbia necessitará de amplos esforços para estabelecer e manter a paz, assim como para a reconstrução", completou Ban.

A situação humanitária é particularmente grave nas cidades onde acontecem os confrontos, destacou o secretário-geral. "Há dezenas de milhares de pessoas cujas necessidades básicas não são satisfeitas, portanto temos um grave problema", explicou.

Ban afirmou que a ONU pretende ampliar, em colaboração com a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho, a ajuda humanitária a Trípoli. As Nações Unidas já estabeleceram em Benghazi uma base humanitária para as 500 mil pessoas que fugiram dos combates.

VÍTIMAS

A direção do hospital da cidade de Misrata afirmou que os combates deixaram mil mortos e 3.000 feridos. "No total, 80% dos mortos são civis", declarou o administrador do hospital, o médico Khaled Abu Falgha. O número não pode ser confirmado de maneira independente.

De acordo com Falgha, apenas no domingo morreram 17 pessoas e outras 70 ficaram feridas na cidade, que fica 200 km ao leste de Trípoli.

O médico afirmou que desde a semana passada foram internados pacientes com ferimentos graves provocados por bombas de fragmentação, armas que estão proibidas.

Os rebeldes acusam as tropas leais a Gaddafi de utilizar tais bombas, o que Trípoli nega






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