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Esportes
Terça - 01 de Março de 2011 às 03:10

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Para a CBF, "o futebol não tem interesse social relevante". A entidade que comanda modalidade no país também acredita que o futebol contribui "para a desinformação do povo, já de si mal aparelhado intelectualmente".

As conclusões acima estão na argumentação que a entidade apresentou à 17ª Vara Cível de São Paulo, para se defender no caso da "Máfia do Apito", no qual é ré.

O juiz José Paulo Camargo Magano, da 17ª Vara Cível de São Paulo, condenou CBF, Edilson Pereira de Carvalho e Nagib Fayad ao pagamento de R$ 160 milhões. Federação Paulista de Futebol, Paulo José Danelon e novamente Fayad foram condenados a pagar outros R$ 20 milhões.

Trata-se de decisão de primeira instância, à qual cabe recurso. CBF e FPF já avisaram que vão recorrer.

As condenações se deram "solidariamente". Na prática, significa que, se um réu não tem condições de pagar, o outro tem que arcar com a multa --isso em caso de condenação, encerradas as possibilidades de recurso.

"O Nagib [Fayad] está em estado de insolvência civil, não tem dinheiro para nada, está respondendo até ações da Receita Federal por sonegação de impostos", disse o advogado de Fayad, Eduardo Silveira Melo Rodrigues.

O juiz Camargo Magano sustenta, em sua sentença, que não se pode atribuir relação entre analfabetismo e paixão pelo esporte. Cita a popularidade do Super Bowl nos EUA e os estádios cheios na Europa para rebater a argumentação da CBF.

Em sua defesa, a confederação alega ainda que uma condenação poderia levar a entidade "à insolvência".

Em 2009, a CBF faturou cerca de R$ 200 milhões só com patrocínios. Declarou ainda lucro de R$ 72 milhões. A tendência é que as cifras cresçam em 2010, pois novos contratos foram fechados.

Para a Justiça, a alegada ameaça de insolvência é "precipitada" e "alarmista".

Outro argumento da CBF é de que não estaria, entre suas finalidades, "organizar campeonatos e jogos de futebol".

A sentença aponta ainda que a CBF agiu "com má-fé". Carlos Eugênio Lopes, advogado da entidade, não foi encontrado para comentar.

RÉUS NÃO FORAM PRESOS, APESAR DE CONFISSÕES

Em 2005, os então árbitros Edilson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelo fraudaram jogos do Campeonato Paulista e do Brasileiro a mando de apostadores, num esquema comandado por Nagib Fayad. Onze partidas do Nacional foram disputadas novamente.

Na esfera criminal, o processo acabou sem condenações --apesar de os réus terem confessado.

Esta é a primeira decisão na esfera cível. Trata--se de ação coletiva, em que o dinheiro vai para o Fundo Especial de Despesa de Reparação de Interesses Difusos Lesados.
CBF e FPF dizem crer que a decisão será mudada em segunda instância.






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