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Internacional
Terça - 22 de Fevereiro de 2011 às 16:51

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A ministra de Exteriores da França, Michèle Alliot-Marie, ofereceu nesta terça-feira ajuda de seu país para evacuar os cerca de 130 brasileiros que trabalham na cidade líbia de Benghazi, aparentemente sob controle de opositores de Muammar Kadafi.

A oferta foi feita durante a reunião que a ministra francesa teve nesta terça-feira em Brasília com seu colega, Antonio Patriota, informaram em entrevista coletiva conjunta.

Michèle relatou que a Líbia autorizou a aterrissagem de dois aviões franceses em Trípoli e que os equipamentos podem ser usados para colaborar com o Brasil na evacuação dos brasileiros.

Os brasileiros trabalham para a construtora Queiroz Galvão, empresa que fretou uma aeronave para evacuá-los, mas que não recebeu a respectiva autorização da Líbia para que o avião aterrisse em Benghazi.

Segundo fontes diplomáticas, além da falta de autorização, o aeroporto de Benghazi aparentemente está sem condições de operação, por isso que dificilmente a evacuação poderá ser feita via aérea. As mesmas fontes consideram que será difícil garantir o transporte desses funcionários por via terrestre até Trípoli.

"Como seguem as dificuldades para os sobrevoos e as aterrissagens em Trípoli, estamos pensando na possibilidade de um navio", disse por sua parte Patriota ao admitir que o Brasil estuda a viabilidade de evacuar seus cidadãos por via marítima.

O chanceler disse que o governo brasileiro já entrou em contato com empresas barqueiras italianas para planejar a possível evacuação por navio diretamente de Benghazi.

Os ministros do Brasil e França reiteraram nesta terça-feira suas críticas contra a forma violenta como o governo líbio reprimiu os protestos contra si.

"A violência contra os manifestantes é inaceitável", disse Patriota. "Esse surto de violência é inadmissível. O único que podemos pedir é que a violência acabe", anotou por seu à funcionária francesa.

Na reunião, os ministros também conversaram sobre a decisão brasileira de adiar o resultado do concurso para comprar 36 caças-bombardeiros para sua Força Aérea e na qual os Rafale, da francesa Dassault, concorrem com os Super Hornet F/A-18, da americana Boeing, e os Gripen NG, da sueca Saab.

Mundo árabe em convulsão
A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Ali e do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafi foi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.





Fonte: EFE

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