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Policia MT
Sexta - 26 de Novembro de 2010 às 13:22

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A Polícia Federal de Mato Grosso, em conjunto com o Ibama, Força Nacional e Funai, deflagrou nesta sexta-feira a Operação Pharisaios para reprimir crimes ambientais na região de Juína (737 quilômetros de Cuiaba). A operação é de combate à extração ilegal e comercialização de madeiras extraídas da terra indígena Serra Morena.

De acordo com a PF, 140 policiais cumpriram 10 mandados de prisão, dois de condução coercitiva e 24 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juízo da 2ª Vara Federal de Cuiabá. Até o momento seis pessoas foram presas. Também foram apreendidos documentos, caminhões, pás carregadeiras, escavadeiras e reboques.

As investigações que resultaram na Operação Pharisaios vêm sendo realizadas pela Polícia Federal há um ano. Em 15 de julho de 2010, após incursão na Terra Indígena Serra Morena, equipes da Operação Arco de Fogo encontraram grande quantidade de equipamentos pertencentes aos madeireiros criminosos.

Na ocasião foram apreendidos: uma pá carregadeira; um trator de esteira; quatro motocicletas; duas espingardas; uma escopeta e um caminhão. Em 16 de agosto, em nova incursão à reserva indígena, foi encontrado e apreendido complexo maquinário composto por serras e motores que integravam uma serraria móvel, montada no interior da Terra Indígena Serra Morena. Ainda segundo a PF, esse material apreendido permitia a logística de extração e exploração de madeira da Terra Indígena do povo Cinta Larga.

Índios aliciados

Um grupo de madeireiros da região de Juína aliciava os índios e extraía ilegalmente a madeira no interior da Terra Indígena Serra Morena. São alvos da operação, neste primeiro momento, madeireiros e proprietários de planos de manejo da região de Juína.

Na Operação Pharisaios, a partir da identificação das madeireiras destinatárias da madeira da Terra Indígena Serra Morena, foi constatado o mesmo esquema criminoso desvendado na Operação Jurupari, quando havia o "esquentamento" dessas toras de madeira extraídas ilegalmente de terras indígenas por meio de Guias Florestais fraudulentas, emitidas por proprietários de planos de manejo autorizados pela Sema.

A Polícia Federal explica que o esquema criminoso era realizado da seguinte forma:

1) As toras de madeira eram extraídas ilegalmente da terra indígena e transportadas até uma das madeireiras;

2) Uma vez no pátio das madeireiras/ serrarias, esta madeira "ilegal" era comercializada mediante "esquentamento" com Guias Florestais fraudulentas, emitidas em planos de manejo autorizados pela Seema. Tais GFs continham informações simulando que as referidas toras de madeiras seriam oriundas de planos de manejo de propriedades rurais privadas. É o chamado repasse de "créditos florestais fictícios".

3) Constatou-se ainda que a emissão e repasse de GFs fraudulentas (créditos florestais fictícios) também ocorria nas transações envolvendo as próprias madeireiras, bem como nos negócios entre tais madeireiras e o comprador da madeira serrada, dissimulando sua verdadeira origem.

Em mais 20 laudos periciais, a PF constatou as seguintes fraudes nos planos de manejo: áreas em que constam emissões de GFs mas que não apresentam sinais de exploração florestal; áreas de manejo (exploração florestal) que extrapolam o perímetro aprovado/ delimitado pela Sema; áreas com exploração incompatível com a volumetria autorizada pela Sema; intensidade de corte acima da capacidade de suporte da floresta; exploração de áreas de preservação permanente; aprovação pela Sema de áreas com documentação adulterada; aprovação pela Sema de planos de manejo em áreas já exploradas/ desmatadas; aprovação pela Sema de planos de manejo antes da aprovação da LAU (licença ambiental) da propriedade; e inserção de créditos florestais fictícios no Sisflora em favor de planos de manejo.

O nome da Operação

Pharasaios vem do grego e significa fariseus. O nome da Operação Pharisaios remete à constatação de que os crimes ambientais em Mato Grosso decorrem principalmente de fraudes ao Sisflora, Sistema de Gestão Florestal da Sema.





Fonte: TVCA

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