FHC ataca "monopólio estatal" e julga "pretensioso" projeto de refundar Comunicações
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atacou o "monopólio estatal", a seu ver mais perigoso do que o privado, ao discorrer sobre os riscos à liberdade de imprensa.
"Acho que o monopólio estatal é tão ruim quanto o monopólio privado. O risco maior é o do monopólio estatal, porque o Estado tem mais poder hoje em dia do que qualquer parte da sociedade", disse nesta sexta-feira, após dar uma palestra no segundo dia do seminário "Cultura de Liberdade de Imprensa".
Para FHC, a ostensiva propaganda do governo é uma forma de apertar as rédeas sobre a imprensa.
O tucano se disse preocupado sobretudo com a "imposição de anúncios que pode ou não levar à sujeição da mídia".
"PRETENSIOSO"
FHC julgou como "um tanto pretensioso" o projeto de refundar o Ministério das Comunicações, proposto ontem pelo ministro Franklin Martins.
"Isso é mania, né? Refundar tudo, que nem Lula começou o Brasil de novo. Isso é conversa. Precisa melhorar, aperfeiçoar. Mas [refundar] é um tanto pretensioso."
Franklin, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do presidente Lula, disse ontem que o governo "ficou devendo" na área da comunicação e que "refundar" o ministério seria uma forma de quitar uma parcela dessa dívida.
Após o seminário, FHC afirmou que o PT "gosta muito de falar" em controle social. "Dá impressão que é uma coisa boa porque é social. Controle é sempre perigoso."
Questionado pela Folha sobre a relação do partido da presidente eleita, Dilma Rousseff, com a liberdade de imprensa, o ex-presidente disse detectar "manifestações eventuais, aqui e ali", da vontade de controlar a imprensa.
Ele disse que o desejo de monitorar a mídia não é exclusivo do PT e lembrou de "Estados querendo criar conselhos" para controlar a imprensa.
Em outubro, a Folha revelou que o Ceará planeja criar um conselho de comunicação para fiscalizar a atividade midiática. Seguiram o mesmo caminho ao menos mais três Estados: Bahia, Alagoas e Piauí.
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