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Terça - 02 de Novembro de 2010 às 08:13
Por: Jean Campos

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Após cumprir a primeira etapa da reforma administrativa, o prefeito de Cuiabá, Chico Galindo (PTB), promove um choque de gestão. Alegando destemor quanto aos reflexos políticos da medida, o petebista anunciou de uma única vez remanejamento de secretários em nove pastas, exoneração de 100 servidores comissionados e 400 contratados e antecipou que 500 deverão ser demitidos até o final do ano. Por outro lado, Galindo promete que as mudanças, que em princípio podem não ser compreendidas, trarão benefícios à Capital.

Em entrevista do Diário, Chico revelou que os chefes das pastas estão em fase de teste deixando claro que, aqueles que não se adaptarem, estão passíveis de remanejamento. Todos foram alertados. “Estou cobrando responsabilidade. Essa adaptação é que estou cobrando principalmente daqueles que ficaram”, completou.

A evidente aproximação com o governador Silval Barbosa (PMDB) tem como único escopo, segundo ele, trazer mais investimentos para Cuiabá.

Novamente, o prefeito prefere não falar sobre reeleição, tampouco sobre composição partidária. “Sou candidato a ser o melhor prefeito de Cuiabá”. Sucinto, Chico Galindo diz que seu maior sonho é asfaltar toda a cidade até o final de 2012, colocando em prática o programa ‘Poeira Zero’. Para tanto, diz que já busca respaldo dos governos estadual e federal.

 

Diário de Cuiabá – O que essa mudança do secretariado irá representar na sua administração?

Chico Galindo – É o que venho falando. Priorizei o perfil de gestores. Tenho gerentes na prefeitura.

 

Diário – O senhor encontrou muitos problemas assim que assumiu a prefeitura?

Galindo - A prefeitura é um órgão muito pobre, nós já sabíamos. Precisamos fazer ajustes tanto na receita quanto na despesa. Vamos fazer. Não tem como cortar muita coisa. Então, estamos correndo atrás de aumentar a receita sem aumentar tributos. Existem mil maneiras de aumentar essa receita. Por exemplo, a planta genérica, desde 1997, não se corrige, e vamos corrigir agora. Automaticamente, essa medida dá uma receita maior do IPTU. Não vai aumentar a alíquota do IPTU, vamos recalcular o valor da planta genérica.

 

Diário – O senhor tem deixado claro que a prefeitura precisa ser enxergada como uma empresa...

Galindo - A prefeitura é a maior empresa da Capital. Ela tem o orçamento de R$ 2 bilhões para o próximo ano, tem que ser tratada como uma empresa. Política você faz num período, mostra o trabalho. Estamos entrando com essa linha, não sei como a população vai entender. Tem o impacto no primeiro momento, mas acho que vão entender. Uma empresa bem gerida colhe frutos. E o fruto de uma prefeitura é atender às reivindicações da população.

 

Diário – O senhor pretende ser lembrado pelo que foi feito à frente da prefeitura?

Galindo – Como o prefeito que pavimentou toda a Cuiabá. Quero colocar em prática o programa ‘Poeira Zero’, essa é a minha grande bandeira. Mas seria uma irresponsabilidade não avançar na saúde. Estamos informatizando toda a saúde. Hoje a fila de espera para consultas é extremamente longa, queremos acabar com essa realidade e avançar. Um paciente que vai à policlínica, por exemplo, o médico vai jogar no computador e vai sair do local com a data da sua consulta. Tem que avançar na saúde, manter o bom trabalho na educação, ampliar os programas sociais. Mas quero, sim, pavimentar todos os bairros de Cuiabá.

 

Diário – Qual a posição do PSDB na administração, após esta eleição presidencial?

Galindo – Quero o PSDB junto. Não muda nada. O partido tem a presidente regional, deputada Thelma de Oliveira, e o presidente municipal do partido, Ussiel Tavares, que são nossos parceiros. Quero o PSDB junto como sempre foi. Não tem motivo para essa discussão, agora. Se o PSDB tem candidato a prefeito para 2012? Se eu sou candidato? Eu não sei! Eu não sou candidato a nada. Aliás, sou candidato a melhor prefeito de Cuiabá. Não tem essa discussão, eu não concordo com ela agora. Eu não abro mão do PSDB ajudar a governar Cuiabá.

 

Diário – A aproximação do senhor com o governador Silval Barbosa pode representar uma futura aliança do seu partido com o PMDB?

Galindo – Eu não sou candidato a nada. Repito: sou candidato a melhor prefeito de Cuiabá. Estou atrás de benfeitorias para a cidade. Para isso, preciso da ajuda do governo estadual. Estou reivindicando e sentindo a boa-vontade. O governador Silval mostra que quer ser parceiro. Ele já sinalizou que irá ajudar a Capital no programa asfáltico. Não vou discutir aliança. Esse não é o momento.

 

Diário – Então o senhor não pensa em ter apoio do PSDB, PMDB ou outro partido numa eventual candidatura à reeleição?

Galindo – Eu não estou pensando e não vou pensar agora. Só vou pensar em reeleição se for um bom prefeito.

 

Diário – Qual a sua maior preocupação neste momento?

Galindo – Sanar o déficit da prefeitura de R$ 11,7 milhões só do ano de 2010.

 

Diário – De onde vem este déficit?

Galindo – É que nem acontece quando um chefe de família que tem um salário de R$ 600 e gasta R$ 650. Então, gera um déficit. A prefeitura possui dívidas antigas. O que é o precatório? Também é um déficit da prefeitura. Essa é uma coisa que quero sanar. Em 2011, eu garanto que não vai ter déficit porque eu tenho coragem de cortar. Se no ano que vem tiver apenas R$ 1 bilhão em caixa, será somente isso que iremos gastar. Essa postura tem muito a ver com minha experiência na iniciativa privada.

 

Diário – O PDT já anuncia que irá trocar Sérgio Cintra por Rodrigo Rodrigues na Secretaria de Cultura. Isso já está acertado com o senhor?

Galindo – Eu mantive o Sérgio Cintra. Isso é a prova de que quem define é o prefeito. O prefeito necessita dos partidos, mas precisa de discussão. Realmente recebi um ofício falando dessa mudança, mas não discuti com o partido. Aliás, vou discutir com todos os partidos. Agora, não vou aceitar imposição. Não tenho objeção nenhuma com o Rodrigo Rodrigues, sob hipótese alguma. Conheço ele e sei da capacidade dele, mas não é uma decisão simples que chega um ofício e eu acato. Não temos nenhum compromisso em mudar, Cintra está fazendo um ótimo trabalho e por isso foi mantido. Se houver mudança, será por alguém que pelo menos tenha o perfil de ficar no cargo até 31 de dezembro de 2012.

 

Diário – O senhor pretende manter essa nova configuração no secretariado até o final do seu mandato?

Galindo – Sem dúvida alguma, eu gostaria muito de que todos ficassem até 31 de dezembro de 2012. Temos, agora, que ver a maneira de agir de cada secretário. É um novo perfil, uma mudança radical. Aquele que se adaptar a essas mudanças tem que permanecer. Eu escolhi todos eles. Eu falei isso para todos os secretários. Falei que os fundos serão todos de indicação do prefeito. O coordenador financeiro será um cargo técnico e não político. Estamos colocando gestor em todas as secretarias. É uma mudança realmente grande e o que se adaptar a essa mudança gostaria muito que continuasse.

 

Diário – Este novo modelo de gestão, então, está em fase de teste?

Galindo – Teste, não. As pessoas podem estar em teste; mas o modelo, não. Não tenho dúvida de que o modelo é este para solucionar déficits. Agora, as benfeitorias virão através de uma prefeitura bem organizada.

 

Diário – O senhor deixou claro aos secretários que, se não cumprirem metas, serão demitidos?

Galindo – Estou cobrando responsabilidade. Essa adaptação é que estou cobrando principalmente daqueles que ficaram. Todos têm capacidade para se adaptar ao novo modelo de gestão. Não tem nada que não foi discutido. Todos sabem que queremos otimizar a gestão. Se tiver 10 funcionários e oito resolvem, vão ficar oito. Onde tiver que criar cargos, como no IPDU, que precisa de mais técnicos, vamos criar. O gestor, claro, gosta de ampliar. Mas, com muita eficiência, vamos fazer gestão pública.

 

Diário – A reunião que o senhor fez com todo secretariado irá se repetir?

Galindo – Vai ser mais objetiva que essa primeira, que foi mais uma apresentação do modelo. É uma coisa simples. São mudanças pontuais que também servirão para o servidor se sentir valorizado. Apresento as metas, cobro planejamento, prazo para cumprir essas metas e o objetivo atingido.

 

Diário – O senhor já anunciou que terá concurso no ano que vem. Como será?

Galindo – Todas as pastas estão fazendo um diagnóstico dos servidores. Cada secretário está fechando o seu balanço. Temos muitos contratados que podem ser substituídos por concursados. Na saúde, temos três mil contratados. Na educação, chamaremos 1.100 pessoas aprovadas no último concurso para ser empossadas. Acredito que teremos mais de mil vagas no próximo concurso, para todas as áreas. Uma das metas estabelecidas na reunião do secretariado é fazer um novo PCCS até junho do ano que vem que contemple todas as categorias de servidores da prefeitura. Já avançamos com os médicos e odontologistas e agora temos que avançar em todas as categorias. Queremos aprovar um novo PCCS mais moderno, dando mais obrigações ao servidor, mas também mais qualidade de vida.

 

Diário – O PAC ainda volta este ano?

Galindo – Eu acredito que sim. Está tudo muito bem encaminhado. Todos os projetos foram licitados, estão na Caixa Econômica Federal para análise, estamos recebendo apoio dos governos estadual e federal. Não tem motivos para não reiniciar as obras neste ano. Eu estou trabalhando muito para este retorno.

 

Diário – As conversas que o senhor teve com o secretário-executivo do Ministério das Cidades, Rodrigo Figueiredo, avançaram a questão da inclusão do Exército nas obras do PAC?

Galindo – Está tudo pronto para o Exército entrar nas obras. A questão pontual do PAC: falta solucionar o impasse com as empresas. Dia quatro é o último dia para recorrermos da decisão que dá ao Consórcio Cuiabano o direito de retornas às obras. Se não chegarmos a um consenso entre o município e as empresas, teremos que recorrer. Aí é um processo moroso!

 

Diário – O senhor acha que após o retorno das obras a avaliação da administração vai melhorar?

Galindo – Sem dúvida alguma! Como a Agecopa vai entrar para dar uma cara nova para Cuiabá, o saneamento vai vir trazer o complemento. É fundamental que o PAC dê certo.

 

Diário – Quando anunciou o novo secretariado o senhor disse que bastava a esposa do ex-prefeito Wilson Santos (PSDB) e presidente do IPDU, Adriana Bussiki, e o ex-secretário de Educação, Carlão Nascimento (PSDB), pedirem que retornar à prefeitura. O senhor chegou a discutir esse assunto com eles?

Galindo – Não! Eu não conversei com eles sobre isso, pedi opinião. Mas disse e repito, as portas estão abertas para eles. Quem não quer Adriana e Carlão no staff? É lorota essa história de que foram convidados e não aceitaram. Peço para que eles continuem me ajudando. O Osvaldo Sobrinho também, quem não quer ele na administração? O Carlão pegou Cuiabá em 17º lugar no ranking da Educação e levou para 7º. Ele é um excelente secretário, mas tem o Permínio Pinto que está dando continuidade aos projetos.

 

Diário – E se eles pedirem para voltar?

Galindo – Eu tenho certeza de que eles não pediriam. Eles querem me ajudar. Não estou dizendo que eles podem voltar como secretários. Estou dizendo que não tem nada que os desabone para voltar à prefeitura.

 

Diário – E para o ex-prefeito Wilson Santos (PSDB), houve algum convite?

Galindo – Converso bastante com ele. Ele apoiou a iniciativa de promover mudanças, disse que esse é o momento. Chegaram a cogitar que ele iria para a Sanecap. Isso nunca foi discutido.

 

Diário – Como está seu relacionamento com a bancada federal?

Galindo – Já conversei com todos os senadores, todos os deputados federais e estaduais também. Pedi para investirem em Cuiabá. Cada deputado estadual, por exemplo, tem R$ 3 milhões em emendas. A maioria foi bem votada em Cuiabá e vou cobrar a contrapartida. Se eles não ajudarem, a população saberá.

 

Diário – A dengue é um problema que vem atormentando a população cuiabana a cada ano que passa. O que o senhor fará para impedir um novo surto?

Galindo – Já estamos com índices larvais altíssimos. que preocupam. A prefeitura está fazendo um trabalho conjunto com o governador Silval Barbosa. A partir do dia primeiro, o governo irá colocar quantas pás-carregadeiras e caminhões quantos forem necessários para limpar os bolsões e terrenos baldios. Esse será um trabalho muito importante do Poder Público no combate à dengue. Porém, cabe agora cobrar também da população a responsabilidade de ajudar não jogando lixo em terrenos baldios, não deixando acumular água parada em suas casas. Muitos dos casos de dengue acontecem por falta de conscientização dos moradores. Vamos fazer uma grande faxina em Cuiabá. Mas não é o suficiente, precisamos da ajuda da população para combater a dengue.






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