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Domingo - 25 de Agosto de 2013 às 21:29
Por: PRISCILLA VILELA

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Depois de uma desfiliação traumática, quando afirmou ter sofrido até mesmo humilhações dentro do partido, a ex-senadora Serys Slhessarenko garante que não nutre mais nenhuma mágoa ou rancor em relação ao Partido dos Trabalhadores (PT). 

Embora ainda critique a postura que a legenda adotou nas eleições de 2010 e continue afirmando ter sido impedida de disputar a reeleição ao Senado, Serys demonstra certo carinho com a militância petista. Diz que, apesar dos problemas que a sigla enfrenta dentro dos diretórios e executivas, os filiados das bases são “briosos, guerreiros e de luta”. 

No PTB, partido ao qual se filiou nesta sexta-feira (23), ela diz pretender tentar retomar o posto de senadora. Afirma ter deixado um “assunto inacabado”, quando perdeu a vaga de candidata para o então correligionário Carlos Abicalil. Sobre ele, aliás, ela prefere sequer se manifestar. 

Apesar disso, pondera que a decisão não cabe a si, depende das articulações que a legenda pode fazer até o período eleitoral. Dentro destas possibilidades, conforme ela, sequer a candidatura própria ao governo do Estado está descartada. 

A pedido do Diário, Serys ainda fez uma avaliação da atuação de seu ex-partido no governo Silval Barbosa (PMDB). Disse que tem deixado muito a desejar e pontuou, em especial, a situação da Educação, secretaria comandada por Ságuas Moraes (PT). 

O governo peemedebista como um todo, inclusive, foi classificado por ela como “muito fraco”. Embora não tenha citado nomes, a ex-senadora ainda apontou “o partido da base do governo da presidente Dilma Rousseff” como “forças internas” que tem prejudicado a atuação do PT no país. 

Após o desabafo, no entanto, pontuou que, daqui para frente, não pretende mais falar sobre os petistas. “São águas passadas. Ficou para trás”, garante. 

Demonstrando estar absolutamente à vontade na nova legenda, a ex-senadora sustentou não ver qualquer contradição em se filiar a um partido que atualmente tem adotado uma postura mais de direita. Para ela, nenhuma sigla do país possui hoje uma ideologia clara. 

DIÁRIO - Apesar da origem de esquerda e ligação com o operariado urbano no passado, o PTB atual é um partido conservador, mais à direita. Não é contraditório uma pessoa com militância de esquerda como a senhora se filiar ao PTB? 

SERYS SLHESSARENKO – Atualmente, está bem difícil a situação dos partidos. Muitos deles tiveram uma origem bem diferenciada do que é hoje, incluindo, o próprio PT. Então, a situação é complicada. Nós não temos hoje siglas com ideologias totalmente claras. Agora, o PTB é um partido que tem uma história. É o segundo mais antigo do Brasil. Foi o PTB quem lutou e construiu as leis trabalhistas. Toda essa legislação é fruto do PTB: o voto da mulher, a criação da Vale do Rio Doce, a Petrobras. Todos esses processos foram vivenciados pelo partido. Se ele sofreu mudanças ou vem sofrendo, suas origens é que marcam, bem como em qualquer partido. São as pessoas que estão dentro do partido que vão direcionando a concretização dos princípios da legenda ou desviando deles. Eu tenho uma história que é conhecida pela população de Mato Grosso e nunca desviei dos princípios que defendi. Não vou desviar dentro do PTB de jeito nenhum. Vou continuar defendendo o que sempre defendi em termos de lutas sociais, de direito da população, da educação, saúde. Para Mato Grosso, o fundamental é continuar essa luta. 

DIÁRIO - A senhora tem um bom relacionamento com o ex-diretor do Dnit, Luiz Antônio Pagot. Qual o peso dele em sua decisão de ingressar no PTB? 

SERYS - Sempre tive um bom relacionamento com Pagot e com outras pessoas do PTB em nível nacional e isso tudo pesa. Claro que pesa! Ele me convidou para entrar no partido. O Benito Gama [presidente nacional], o Chico Galindo [presidente estadual] e a bancada petebista, que é a maior de vereadores [de Cuiabá], também me convidaram. 

DIÁRIO - A depender apenas de sua vontade, a qual cargo a senhora gostaria de disputar a eleição no ano que vem? 

SERYS - Tenho algo que não ficou bem resolvido. Já fui avaliada, dentre os 81 senadores, como a oitava que mais tinha prestado serviços à população. Essa avaliação mostrava que tínhamos batalhado bastante ao longo do caminho e aí, de repente, o PT achou que tinha que colocar outra pessoa para concorrer. Isso ficou mal resolvido, principalmente, com a população. Então, se eu fosse escolher, concorreria ao Senado Federal. Mas isso é uma questão partidária e vamos ter que esperar para ver. 

DIÁRIO - A senhora falou em questão mal resolvida. Explique melhor essa afirmação. 

SERYS - Os prefeitos e vice-prefeitos de Mato Grosso sempre buscaram muito o gabinete da então senadora Serys e eles sabiam do esforço que fazíamos para resolver os pedidos que faziam. Então, tenho bastante clareza e consciência de que batalhamos muito por tudo. Fui muito homenageada em vários municípios pelas contribuições que eu fiz. Gostaria de então entrar na disputa para responder a essas solicitações. 

DIÁRIO - Com sua filiação, o nome de maior densidade do PTB em Mato Grosso passa a ser o da senhora. Se não for candidata ao governo, qual caminho o partido vai seguir: candidatura própria com um nome de densidade menor ou uma aliança? 

SERYS - Temos muitos nomes. O do Chico Galindo, o do Pagot e um pessoal que está fazendo política há muito tempo. Mas essa discussão ainda é muito insípida no partido, até porque estou filiando neste momento e Pagot também se filiou há pouco tempo. A discussão ainda está querendo começar. O PTB está aberto a alianças, mas alianças que estejam dentro dos princípios em que acreditamos, fazendo uma política que atenda aos interesses da população. Queremos essa política para o bem e melhor da sociedade e que venha a responder aos anseios da população, principalmente, no setor da saúde, educação e segurança. Temos que fazer educação para todos. Dar expectativa para os jovens. 

DIÁRIO - Qual a possibilidade de o PTB se aliar ao PR, sendo o vice na chapa de Blairo Maggi? 

SERYS - Essa é uma possibilidade para um futuro bem distante ainda. Para daqui quase um ano. Mas existe a possibilidade de aliança. Com quem, temos que esperar a época certa até para ver quem serão os candidatos. Quer dizer, o Blairo será candidato? Eu não sei. Temos que esperar a hora certa das definições. Pode surgir outro nome. E, se não der certo a aliança, podemos até sair com candidatura própria. Por isso que falo: ainda está muito longe essas discussões. Há alianças que se decidem nas últimas 12 horas do prazo. Contudo, alianças são sempre possíveis. 

DIÁRIO - A senhora considera Luiz Antônio Pagot um bom nome para a Câmara Federal? 

SERYS – Considero, sim, um bom nome. É uma pessoa que tem uma boa visão de Mato Grosso. Conhece o Estado profundamente e é de pessoas preparadas assim que se precisa. Até tem outros nomes [para o cargo], mas avalio que ele está bastante preparado. 

DIÁRIO - E quanto uma possível candidatura do Pagot ao governo do Estado. Como a senhora avalia? 

SERYS - É uma coisa a ser discutida. Pelo conhecimento que ele tem, tudo é possível. 

DIÁRIO - O poder tirou a aura de partido imaculado que o PT tinha há uma década. Faça uma avaliação do PT nestes dez anos de poder. 

SERYS - O PT é um partido que, nas suas origens, foi extremamente grandioso e assumiu o governo federal promovendo significativos avanços. Ninguém pode negar isso. Claro que tem problemas, mas aqui vou reforçar que todos os partidos hoje têm problemas, porque um partido é composto por pessoas e eu já dizia isso ainda quando era filiada ao PT. Em todos esses partidos tem gente do melhor ‘quilate’ e gente com problemas. Hoje o PT, infelizmente, além de ter pessoas com problemas, está tendo determinadas forças internas que estão dificultando definidas políticas a serem concretizadas e avançadas. 

DIÁRIO - Quem ou o que seriam essas forças internas? 

SERYS - Forças internas do partido da base do governo da presidente Dilma Rousseff. Mas eu gostaria de não ter que falar nomes. Deixar assim de uma forma ampla. 

DIÁRIO - A senhora dizia que a cúpula do partido lhe "roubou" o direito de ser candidata à reeleição ao Senado em 2010. A mágoa continua? 

SERYS - Sem mágoa e sem rancor. O PT tem muita gente na base do partido da melhor qualidade. Claro que tem os problemas, tanto é que tive problemas com a direção nacional. As pessoas que fizeram aquela confusão toda na época [durante a eleição de 2010] não tiveram a lucidez de ver que isso foi extremamente prejudicial para o partido. Um partido que tinha um deputado federal, uma senadora, dois estaduais e, com a expectativa de continuar com a vaga no Senado, acabou que tudo ficou resumido somente à eleição de um deputado estadual, o Ademir Brunetto. Então, tudo aquilo foi um desastre partidário. Mas a militância é briosa, guerreira e de luta. E é isso mesmo, em nível de Estado e no Brasil, tem sempre os equivocados. 

DIÁRIO - Defina Carlos Abicalil em uma palavra. 

SERYS - Não gostaria de ter que definir. 

DIÁRIO - Como a senhora avalia a atuação do PT como aliado do governador Silval Barbosa? 

SERYS – Complicada, e não precisamos ir longe. O PT está com uma das secretarias mais importantes, a de Educação, onde as pessoas estão em greve. Isso atrapalha as famílias de uma forma geral. A greve é extremamente justa, mas as autoridades tinham que dar um jeitinho de não deixar isso acontecer. Não sei todas as reivindicações, mas sei que tudo é muito justo. Eu já fui secretária de Educação por um ano e três meses e, naquele tempo, conseguimos implantar o terceiro melhor salário do Brasil. Tudo avançou muito mais, mas tem questões que não deveriam estar nesse patamar. Não adianta dizer que não tem dinheiro, porque o que se precisa é de vontade política. 

DIÁRIO - Pensando em cenários para o futuro, em que condições a senhora acredita que Silval Barbosa chegará à eleição de 2014? 

SERYS - Gostaria que ele terminasse a gestão com tudo no lugar, da melhor forma possível, com saúde 10, educação 10, mas estou achando muito difícil, porque há questões que estão sendo muito deixadas a desejar. Não sei se nesse ano que ele vai ficar no governo - não sei nem se ele ainda vai ficar no governo ou se afastar para ser candidato - haverá tempo de colocar ordem nessas políticas que estão deixando a desejar. A educação está parada e a saúde, com reclamações a todo tempo. Tenho também um grande questionamento sobre onde está o dinheiro do Fethab [Fundo Estadual de Habitação e Transporte]. Estou procurando entender, mas não estou conseguindo. Será quer todo esse recurso está na Arena Pantanal?

DIÁRIO - Como a senhora qualifica a gestão Silval Barbosa? 

SERYS - Uma gestão muito fraca! 





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