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Brasil Eleições 2012
Domingo - 26 de Setembro de 2010 às 11:32

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Para se apresentar ao eleitor, um presidenciável se ampara em três grandes mídias: TV, rádio e web. E precisa adotar uma estratégia diferente em cada uma delas.

Nesse sentido, a internet é o "inferno": espaço do vale-tudo eleitoral, onde as pancadas são mais fortes para levar logo o adversário à lona.

Caso do vídeo encomendado pelo PSDB que alia a candidata Dilma Rousseff aos "radicais do PT", representados por cães rottweilers.

Na campanha, distribuída apenas na rede, o rosto de Dilma se metamorfoseia até virar o de José Dirceu. Na sequência, o Planalto é coberto de tinta vermelha _alusão a uma suposta ditadura do PT.

Passado o ringue virtual, é a vez do rádio, "purgatório" mais ameno do que a web.

Sem poder apelar às imagens, marqueteiros apostam em linguagem mais simples e vão direto ao ponto.

Um programa da semana passada, por exemplo, pôs Dilma como quem domou o "apagão do FHC".

No mesmo dia, ela foi descrita na TV como a responsável por livrar "o Rio Grande [do Sul] do racionamento de energia que parou o país" _mas nada do nome do ex-presidente aparecer.

Professor da USP e especialista em marketing político, Gaudêncio Torquato acompanha o quadro eleitoral há 30 anos e nunca achou "que agenda negativa em TV desse resultado".

Para ele, bater de frente na TV não pega bem com o eleitorado. Ataques ao rival podem resvalar no "efeito joão bobo": você bate, e ele volta para o mesmo lugar.

Aqui, valem imagens e cenas otimistas para construir o "Brasil dos sonhos".

Bem-vindo ao "paraíso" da propaganda eleitoral.

Não à toa, segundo o professor, Serra recuou dos ataques que vinha fazendo a Dilma. Pela primeira vez em semanas, o tucano evitou agredir a petista no programa da última quinta-feira.

Escândalos que envolvem o PT, como a queda de Erenice Guerra da Casa Civil e a quebra do sigilo fiscal da filha do peessedebista, foram explorados à exaustão em propagandas anteriores.

VITIMIZAÇÃO

Para Torquato, pesquisas qualitativas mostraram aos tucanos que, ao atacar Dilma, eles corriam o risco de transformá-la em vítima. E, na TV, não se deve subestimar o "fator emoção".

"É o "efeito bolo". Quanto mais [Serra] bateu, mais ela cresceu", afirma.

Já o rádio precisa ser mais direto, ou não prenderá a atenção do ouvinte. "Como não tem imagem, há dificuldade maior na compreensão. Por isso, deve-se simplificar a linguagem. É o veículo mais popular", avalia Torquato.

Por isso, uma das táticas nessa mídia é criar "personagens do povo", adotando a informalidade de uma conversa no balcão da padaria.

ARENA ABERTA

Da internet saem as maiores alfinetadas entre campanhas. Mas essa sessão de acupuntura eleitoral ainda está longe de revolucionar a cena política brasileira.

Para Torquato, a rede é um ambiente "completamente descomprometido de valores e princípios".

"Existe um processo de canibalização recíproca. Um discurso come o outro", afirma Torquato.

Ou seja, os ataques mútuos, multiplicados pela militância, acabam se anulando.

Norton Amato, diretor de uma agência de marketing digital especializada em política, chama esse exército político de "robozinhos que só replicam a informação".

Amato aponta motivos que fazem da web uma arena aberta, como a facilidade de publicação e o anonimato.

"É tentativa e erro. Você pode dar 10 tiros para testar uma tática, ver se vale a pena levá-la para mídias mais caras. Não dá para arriscar tanto num horário mais nobre."






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