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Internacional
Quinta - 26 de Agosto de 2010 às 17:37

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Soldados mexicanos vasculhavam a zona rural na fronteira com o Estado americano do Texas nesta quinta-feira, em busca dos autores do pior massacre da guerra entre traficantes no país. Ontem, a Marinha mexicana encontrou 72 corpos --ao menos quatro de brasileiros-- em uma fazenda no Estado de Tamaulipas, no norte do México.

  Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress  

Um jovem identificado como Freddy Lala Pomavilla teria sobrevivido ao massacre fingindo-se de morto. Ferido com um tiro na garganta, ele chegou a um posto da Marinha mexicana e contou às autoridades sobre o massacre de imigrantes brasileiros e equatorianos. Ele disse ser um imigrante ilegal vindo do Equador.

Freddy relatou que os estrangeiros foram sequestrados por um grupo criminoso, quando tentavam chegar à fronteira com os EUA. Os homens disseram pertencer ao grupo Los Zetas, e ofereceram trabalho como matadores de aluguel por US$ 1.000 quinzenais. Quando os imigrantes recusaram a oferta, os matadores começaram a atirar.

O governo do Equador pediu ao México que aumente a proteção a esse equatoriano. "É questionável que a imagem de nosso compatriota esteja em todo o mundo quando se trata de testemunha de um ato do crime organizado", disse a titular da Secretaria Nacional do Migrante, Lorena Escudero. Imagens do sobrevivente em um leito de hospital foram divulgadas à imprensa mundial nesta quarta-feira.

Ela afirmou que o sobrevivente "precisa de proteção absoluta" e criticou que a imprensa mexicana tenha divulgado imagens do jovem, de 18 anos, proveniente da Província de Cañar (sul andino).

CAÇA

Patrulheiros fortemente armados em caminhões, tanques e jipes percorriam cidades e vilarejos na região de fronteira entre México e EUA, e helicópteros sobrevoavam a área.

As vítimas, que se acredita sejam migrantes da América Central e da América do Sul --incluindo quatro brasileiros--, parecem ter sido amarradas com os olhos vendados antes de serem enfileiradas em uma parede e mortas a tiros.

Fotografias mostram os corpos sujos de sangue amontoados no chão da fazenda no Estado de Tamaulipas, que se tornou palco dos mais graves episódios da violência relacionada às drogas no México, enquanto o cartel do Golfo e o grupo rival, os Zetas, disputam rotas de tráfico.

Autoridades afirmaram que os investigadores ainda examinavam a cena e não tinham removido os corpos do local.

Forças de segurança mataram três homens armados e prenderam um outro quando eles se aproximavam da fazenda na quarta-feira, mas vários suspeitos escaparam durante o confronto.

MISSÃO

O cônsul-geral do Brasil no México, Márcio Lage, foi pessoalmente ao local da chacina onde ao menos quatro brasileiros foram mortos para tentar obter seus nomes ainda nesta quinta-feira.

Ainda na quarta-feira Márcio Lage disse em entrevista à Folha.com que não descarta que o número de brasileiros mortos aumente uma vez que todos os cadáveres sejam identificados.

Lage decidiu acompanhar o vice-cônsul João Zaidan na viagem à San Fernando, no norte do país, ao lado de diplomatas de El Salvador, Honduras Equador, num avião disponibilizado pela procuradoria-geral do México.

Em Brasília, o Itamaraty também comentou sobre a missão diplomática, dizendo que o caso é "prioridade absoluta" para o Ministério das Relações Exteriores brasileiro e que por isso Márcio Lage foi enviado pessoalmente para agilizar a identificação dos corpos dos brasileiros.

"A missão tem como objetivo comprovar a identificação dos corpos, acompanhar o processo. O empenho do Itamaraty é obter a lista com os nomes dos brasileiros o mais rápido possível", disse Maria Apareci

VIOLÊNCIA

Em 2009, a Comissão de Direitos Humanos estimou que 10 mil imigrantes, a maioria centro-americanos, foram sequestrados no México em seis meses, e a maioria de sobreviventes identificou os raptores como membros dos Zetas.

Nos últimos dois meses e meio, foram encontrados duas grandes valas clandestinas no país. As autoridades acreditam que foram usadas por matadores do narcotráfico para desfazerem-se de corpos de inimigos.

Em 7 de junho foram encontrados 55 corpos em uma fossa clandestina junto a uma mina do histórico povoado de Taxo (sul do México). em 24 de julho, foram encontrados mais 51 corpos em nove valas no Estado de Nuevo Léon (norte), que também é disputado entre o Cártel del Golfo e o Los Zetas.

  Editoria de Arte/Folhapress  

GRANADA

Embora a maior parte do conflito esteja restrito aos traficantes e às forças de segurança, a violência se espalha por regiões do país antes consideradas pacíficas.

Ao menos cinco pessoas ficaram feridas em uma explosão em um bar na famosa praia de Puerto Vallarta na noite de quarta-feira, informou o Ministério Público do Estado de Jalisco.

Investigadores acreditam que a explosão tenha sido intencional, mas não confirmaram notícias da mídia de que tenha sido causada por uma granada, afirmou um porta-voz do Ministério Público na quinta-feira.






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