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Agronegócios
Quinta - 22 de Julho de 2010 às 19:40
Por: Juliana Royo

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O biocarvão é um resíduo da produção de biocombustível. Ele é obtido a partir de uma biomassa que passa por um processo de pirólise, que é um tratamento térmico de carbonização. Este material residual carbonizado pode ser usado como condicionador de solo para melhorar a fertilidade e sequestrar carbono. A intenção dos pesquisadores com o uso do biocarvão é tentar reproduzir em laboratório a alta fertilidade das terras pretas de índio, naturais da Amazônia. Estudiosos de outros países se dedicam a estas terras amazônica, mas a Embrapa Solos é a única que, até agora, está perto de conseguir criar esta tecnologia para ser aplicada no campo.

— Na verdade, esse é um tema que tem interesse muito grande porque compactua com várias questões que nós temos hoje como a da recuperação de áreas degradadas, mudança climática global, em que você precisa realmente diminuir a concentração de gás carbônico na atmosfera, sequestrando ele. Um diferencial é que a gente trabalha o processo de sequestro de carbono de uma forma útil. Muitas propostas se preocupam só com o sequestro em si. No nosso caso, além do sequestro de carbono contribuir para mitigar os efeitos do aquecimento global, a gente estaria melhorando a fertilidade do solo. O produtor rural não estaria fazendo algo somente com vista ambiental, mas com retorno econômico real — explica o pesquisador Etelvino Henrique Novotny, da Embrapa Solos .

Novotny é um dos palestrantes da 18ª Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, que acontece de 8 a 13 de agosto, em Teresina, Piauí. Ele explica que esta matéria carbonizada demora mais tempo para se decompor e tem uma resistência à degradação muito grande. A matéria orgânica rica em carbono no solo pode aumentar a fertilidade do solo, fazer as plantas reterem mais nutrientes e água, além de melhorar de forma geral as características bioquímicas e físicas do solo. Aplicando este resíduo orgânico carbonizado no solo, o produtor estaria turbinando o seu potencial de produtividade.

— A gente tem muita coisa a ser feita ainda, porque é um tema bem complexo. Tem situações em que este material já tem uma resposta positiva na produção e outros casos em que não há resposta. Precisamos estudar mais os materiais para saber o porquê e que tipo de material vai ter a resposta que a gente espera. Do ponto de vista da produção deste material já com valor agregado, a gente está ainda em escala laboratorial, mas já conseguimos resultados bem interessantes. A intenção é utilizar o modelo que a gente tem de matéria orgânica presente nos solos da Amazônia, as terras pretas de índio, e a gente está tentando reproduzir estes benefícios dos solos férteis da Amazônia — compara.






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