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Agronegócios
Quinta - 22 de Julho de 2010 às 06:38
Por: Marcondes Maciel

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Técnicos correm contra o tempo para descobrir as causas da doença
Técnicos correm contra o tempo para descobrir as causas da doença

Uma doença de origem ainda desconhecida para os técnicos da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está intrigando produtores das regiões norte e médio norte de Mato Grosso. Este ano, a doença atingiu diversas lavouras, tanto de transgênicos quanto de convencionais, provocando prejuízos de até 30% em alguns talhões (porções de áreas plantadas). O problema foi detectado pelos produtores em 1998, em Tapurah (433 quilômetros ao norte de Cuiabá).

No município, segundo levantamento do sindicato rural, 20% das lavouras plantadas foram atingidos pela anomalia, conhecida como “soja louca 2”, que provoca o abortamento de flores e vagens, impedindo o desenvolvimento da planta.

“Ela [a soja louca] é uma doença cujo vetor ainda não foi identificado pelos técnicos e agrônomos. Somente agora as entidades de pesquisa estão trabalhando na tentativa de descobrir as causas e a forma de tratamento”, afirmou o presidente do Sindicato Rural de Tapurah, Marusan Ferreira Barbosa.

Em 12 anos de existência da doença na região, ele conseguiu identificar que a soja louca só aparece em áreas onde não é feito o adequado manejo das ervas daninhas após a colheita. “O distúrbio torna a soja estéril, levando à perda total das plantas atingidas. Porém, a doença não se espalha, é localizada”.

Marusan informou que em alguns talhões de lavouras de Tapurah a perda chegou a 50%. Em todas as lavouras do município, ele estima que as perdas podem ter chegado a 5%.

Técnicos e agrônomos de entidades de pesquisa como Embrapa, Fundação Mato Grosso e Fundação Rio Verde estiveram na região colhendo informações e visitando lavouras infestadas pela soja louca.

Segundo o pesquisador Maurício Meyer, fitopatologista da Embrapa/Soja, a causa da doença nas plantas ainda não foi esclarecida, assim como o melhor manejo para impedir o avanço da anomalia nas lavouras. Entre as hipóteses, é cogitada a interação entre herbicidas, fungicidas e inseticidas, maior quantidade de matéria orgânica no solo, temperaturas elevadas e ataques de algumas espécies de ácaros.

REGISTRO - “Podemos informar que há cerca de 15 anos a doença só aparecia esporadicamente nas regiões do Maranhão, Pará e Tocantins, onde o clima é mais quente”, disse Meyer. Como o médio norte do Estado apresenta condições climáticas semelhantes, a incidência de soja louca acabou evoluindo nos últimos anos.

O gerente técnico da Aprosoja/MT, Luiz Nery Ribas, disse que a entidade vinha acompanhando a situação há cerca de dois anos, porém “eram casos isolados” e que não causavam perdas significativas aos produtores. “Nesta safra [09/10], a presença da soja louca foi mais intensa em algumas lavouras das regiões norte e médio norte. Detectamos perda de até 30% em alguns talhões”.

A situação, na avaliação do agrônomo da Aprosoja/MT, é preocupante na medida em que ainda não se tem uma informação mais precisa sobre a doença, “bem como a forma de combatê-la ou até mesmo preveni-la”.

Ribas esteve reunido recentemente com pesquisadores e técnicos de entidades de pesquisa, para discutir o problema. “Decidimos criar um grupo de estudo que fará o acompanhamento e monitoramento das lavouras no decorrer deste ano”.

No próximo mês deve ser divulgado um comunicado da Embrapa com orientações a respeito das formas de manejo da doença. Uma das alternativas pode ser a incorporação do resto de cultura, com gradagem do solo. Até lá, os agrônomos orientam os produtores a estarem “atentos a qualquer indício de anomalias na lavoura, que deve ser imediatamente comunicado ao grupo”.






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