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Agronegócios
Quarta - 21 de Julho de 2010 às 08:41
Por: Fernanda Yoneya

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Para obter preço melhor e recuperar parte dos prejuízos do ano passado, produtores de feijão do sudoeste paulista optaram, este ano, por antecipar o plantio da safra das águas, normalmente feito em julho e agosto, para ser colhido em novembro, período em que a grande oferta da leguminosa derruba os preços. "Este ano arrisquei e plantei em meados de junho", diz o produtor Jacobus Johannes Hubertus Derks, da Fazenda Amarela Velha, em Itapeva.

 

Ele semeou 250 hectares de feijão carioca (pérola e rubi). "Vou colher em outubro e, provavelmente, conseguir um preço melhor pela saca", diz o produtor, acrescentando, porém, que também está plantando agora, para reduzir riscos.

Para o agrônomo Thiago Gomes Camargo, da Capal Cooperativa Agroindustrial, de Arapoti (PR), "o mercado de feijão oscila muito. Em semanas o preço da saca baixou de R$ 150 para R$ 110, R$ 120. Além disso, há o risco de geada para quem planta antes. Mas o produtor que antecipa o plantio normalmente é tecnificado e colhe um feijão de boa qualidade. Se o clima e o mercado contribuem, o agricultor consegue preço bom."

Derks concorda. "O plantio mais cedo é arriscado, pode haver geada, mas a expectativa é boa e o preço compensa o risco." Na região a saca de 60 quilos está cotada em R$ 110 a R$ 120 e, otimista, Derks acredita que, quando estiver colhendo, esse preço deve se manter ou até subir. "No ano passado, a saca estava cotada entre R$ 60 e R$ 70, preço muito baixo para o feijão, uma lavoura de alto risco. É possível para o agricultor que antecipou o plantio conseguir R$ 120", diz Derks.

Se tudo der certo, o produtor espera colher 3 mil quilos de feijão por hectare, produtividade boa para o inverno, época em que o rendimento cai em 10%. A lavoura de Derks é altamente tecnificada - das sementes certificadas à irrigação por pivô central de 100% das plantas e 80% da colheita mecanizada.

Em Taquarituba, a altitude de mais de 600 metros favorece a ocorrência de geadas, mas nem isso impediu o produtor Gustavo Vertuan Franco, da Fazenda Taquari, de adiantar o plantio para meados de abril. "Há três anos não temos geada e resolvi arriscar para garantir a colheita na entressafra da leguminosa no Estado", diz.

Por enquanto, o tempo está ajudando. "Ainda há risco de geada, que vai até agosto, mas a intenção foi fugir do pico da colheita", diz Franco, que plantou 80 hectares de feijão carioca e vai colher já no mês que vem, quando haverá oferta apenas do feijão de Goiás. "Em São Paulo não vai ter feijão e o preço deve subir", aposta. Franco conta que, no ano passado, o excesso de oferta de feijão no mercado fez o preço da saca cair para R$ 35. "Plantei na época normal e tive prejuízo. Este ano vou tentar recuperar as perdas da safra passada."

Prejuízo. Mais otimista também está o produtor Ariovaldo Fellet, da Fazenda Lagoa Bonita, em Itaberá. Ele não adiantou o plantio - vai plantar no fim deste mês -, mas mesmo assim acredita que o preço deve cobrir pelo menos o custo de produção. "No ano passado, para se ter ideia, R$ 57 foi o custo de produção de uma saca de feijão. Foram pagos pela saca, porém, R$ 43", diz Fellet, que irá plantar 914 hectares da leguminosa. Ele conta que decidiu esperar para escapar do risco de geada. "O feijoeiro é uma cultura rápida (110 dias no inverno), muito suscetível à falta d"água e de alto risco. Quem planta antes fica sujeito à geada; quem planta depois pode perder a lavoura se chover na colheita."


PARA LEMBRAR
Praga muda safra paulista da leguminosa

O intenso ataque da mosca branca fez com que muitos produtores deixassem de cultivar o feijão das secas no sudoeste do Estado. Por causa da praga, que transmite o mosaico dourado do feijoeiro, o tradicional plantio das águas, feito em janeiro para colheita em maio, foi deslocado para julho. "Com o aumento da área de soja - hospedeira da mosca branca - na região, a praga se espalhou e a transmissão do vírus do mosaico dourado do feijoeiro ficou inevitável", diz o agrônomo Sidney Hideo Fujivara, produtor de Capão Bonito (SP). "O cultivo ficou inviável naquele período", diz o produtor. Conforme o banco de dados do IEA-Apta, no ano passado, enquanto a safra das águas ampliou a área para 88 mil hectares, a da seca caiu para 51 mil hectares. Em Itapeva a área cultivada caiu de 4.500 hectares no ano passado para 2.500 nesta safra.






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