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Agronegócios
Domingo - 11 de Julho de 2010 às 09:54
Por: Raquel Ferreira

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Responsável pelo consumo de 20% de todo agrotóxico usado no Brasil, Mato Grosso não dispõe de políticas públicas de saúde que previnam doenças crônicas provocadas por estes produtos, especialmente em trabalhadores do campo. Além da intoxicação aguda por inalação, ingestão ou contato, os agrotóxicos, a longo prazo, podem ocasionar problemas crônicos renais, pulmonares, hepáticos, cardíacos, circulatórios, abortos, má formação fetal e câncer. Estimativas do Instituto de Nacional do Câncer (Inca) apontam que no Estado devem ser registrados 5.560 novos casos da doença, atingindo 2.940 homens e 2.620 mulheres. Sem contar as outras doenças.

O coordenador do Centro de Informação Anti-Veneno de Mato Grosso, José Antônio Figueiredo, explica que no Estado são diagnosticados somente as intoxicações agudas. "Os problemas crônicos são mais graves por trazerem problemas irrecuperáveis à saúde. Muitos casos não são diagnosticados por falta de estrutura pública que ofereça condição ao médico".

Ele explica que falta incentivo para que os profissionais da saúde se capacitem em conhecimento específico para detectar a intoxicação crônica, destacando a importância de se ter um olhar cuidadoso diante de adoecimentos repetitivos dentro de uma mesma comunidade. No Estado, os casos crônicos de intoxicação são tratados conforme a doença diagnosticada. Com o relacionamento dos problemas, seria possível criar meios preventivos, evitando que novos trabalhadores apresentassem a mesma doença.

Dados do projeto avaliação do risco à saúde humana decorrente do uso de agrotóxicos na agricultura e pecuárias na Região Centro-Oeste, coordenado pelos professore Wanderlei Pignati, Frederico Peres, Eliana Freire Gaspar de Carvalho Dores, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e pelo pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Josino Costa Moreira, mostram que no Estado são usados, em média, 41 litros de agrotóxicos por habitante.

O estudo aponta ainda que em 2008 o Brasil tinha 68,5 mil hectares plantados, onde foram usados 673 mil litros de agrotóxicos. Em Mato Grosso, esse número foi de 9,5 mil hectares, com uso de 105 mil litros de agrotóxicos. Mesmo diante desta realidade, Figueiredo destaca que o Estado não dispõe se quer de um laboratório específico para os atendimentos de intoxicações que detectem resíduos específicos, facilitando o tratamento. "Estamos no Estado que mais cresce e não temos um trabalho específico voltado a este público".

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirma que não existe nenhum trabalho com este foco, destacando que trata os pacientes de acordo com as doenças apresentadas. Sem um diagnóstico preciso, os casos caem em uma vala comum. A SES afirma que a responsabilidade da prevenção é do Ministério da Agricultura.

A assessoria do Ministério informa que a pasta realiza diversas atividades de fiscalização e orientação sobre a forma mais adequada de manusear agrotóxicos, com enfoque na importância do uso obrigatório dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI).





Fonte: A Gazeta

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