Foram três dias em poder dos criminosos. O piloto Clymer Portela, 30 anos de profissão, nem conseguia falar ao desembarcar em Várzea Grande, Mato Grosso. "Não queria isso nem para o inimigo", afirmou.
O que era para ser mais uma viagem de trabalho por pouco não se transformou em tragédia. Ele virou refém de bandidos na Bolívia.
Na sexta feira, o piloto saiu de Rondonópolis, no sul de Mato Grosso, em um avião bimotor. Dentro, apenas um passageiro – um advogado que não teve o nome revelado. O destino era Cáceres, na fronteira com a Bolívia.
Quando o piloto já se preparava para pousar, o passageiro sacou uma arma e exigiu que ele mudasse de rota. Apresentou as coordenadas geográficas do novo destino. Uma pista clandestina dentro da Bolívia.
"Teve um massacre psicológico. Da pessoa que está sendo ameaçada a todo o momento. A todo o momento ele achava que não ia conseguir ficar vivo”, conta Hélio Vicente, dono da empresa.
O avião pousou entre as cidades de Ruboré e Santa Cruz de La Sierra, a mais de 300 km da fronteira com o Brasil. Lá, foi tomado por cinco homens armados. O piloto foi preso pelos criminosos até domingo à noite, quando ganhou a liberdade.
A Polícia Federal abriu inquérito nesta segunda-feira, 5 de julho, para investigar o roubo do avião, avaliado pelo empresário em mais de R$ 300 mil. Ele não tem mais esperança de recuperar a aeronave.
Mas para que seria usada a aeronave? O empresário tem uma suspeita: "Com certeza, tráfico de drogas. Meu avião não será nem o primeiro nem o último, é uma série de 10, 15 aviões que já se foram do Brasil para a Bolívia. O medo está tomando conta do nosso ambiente”.
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