O governo do Rio de Janeiro implodiu neste sábado o presídio Hélio Gomes, o último prédio remanescente do Complexo Penitenciário Frei Caneca, no centro do Rio. Os demais oito prédios do complexo foram implodidos em março. Foram usados 100 kg de dinamite na operação de hoje.

O secretário estadual de Habitação, Bruno Feitosa, informou que no local do complexo penitenciário, em área de aproximadamente 66 mil metros quadrados, será construído um conjunto habitacional com 2.500 casas e área de lazer, por intermédio do programa federal Minha Casa, Minha Vida. As unidades residenciais se destinam à população de baixa renda.

Feitosa pretende iniciar as obras ainda este ano. "A previsão de entrega das obras é de 12 a 15 meses", afirmou o secretário. Terão prioridade na ocupação dos imóveis famílias de comunidades carentes e desabrigadas pelas chuvas ocorridas no início de abril, no município do Rio.

História

O presídio foi o primeiro do Brasil e começou a ser construído em 1834 por escravos e detentos, mas só foi concluído em 1850. Sua arquitetura foi influenciada pelo conceito de pan-óptico, do jurista e filósofo inglês Jeremy Bentham, modelo de vigilância no qual todos os encarcerados podem ser vistos pelos guardas.

Por suas celas passaram criminosos famosos e presos políticos. Entre eles, o escritor Graciliano Ramos, preso em 1936, no Estado Novo, que relatou o período em "Memórias do Cárcere". Em 1979, na ditadura militar, o jornalista Nelson Rodrigues Filho fez uma greve de fome com outros detentos que durou 33 dias, pela aprovação da Lei da Anistia.

Os últimos detentos que cumpriam pena no local foram transferidos, no início deste ano, para o complexo penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio.

O material implodido será usado na construção do conjunto habitacional e como base para o asfalto na cidade. As obras devem começar no segundo semestre.