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Quarta - 23 de Junho de 2010 às 09:27
Por: Raquel Ferreira

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Chico Ferreira
Adolescentes que cometem crimes tidos como de menor poder ofensivo não devem ficar “presos”
Adolescentes que cometem crimes tidos como de menor poder ofensivo não devem ficar “presos”

Oitenta por cento dos adolescentes infratores de Mato Grosso deveriam cumprir medida socioeducativa em meio aberto conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que determina a internação somente quando o jovem comete ato infracional mediante grave ameaça ou atentado à vida.

A realidade do Estado se reflete em todo o Brasil. Segundo a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, mais da metade dos adolescentes presos no país não cometeram delitos graves e estão internados por praticarem delitos contra o patrimônio (roubo ou furto). As prerrogativas do ECA determinam que nesses casos os adolescentes cumpram medidas alternativas, como prestação de serviço.

Dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Mato Grosso apontam que 260 meninos e meninas cumprem medidas socioeducativas no Estado. Destes, 13% por latrocínio (roubo seguido de morte) ou homicídio e 7% por estupro, que são os casos mais graves perante o ECA e justificam a internação. Os demais infratores estão detidos por roubo (47%), furto (18%) e por crimes diversos (15%), como tráficos de drogas, ameaças, entre outros atos considerados de menor potencial ofensivo. Embora a maioria dos roubos ocorra mediante ameaça, algumas situações ocorrem sem o uso de armas o que coloca o crime como menos agressivo.

A superintendente do Socioeducativo, Lenice Silva dos Santos, explica que a gravidade do roubo depende da forma de atuação, o que pode levar à internação ou não. Ela explica que em alguns casos existe a ameaça, mas com arma de brinquedo, por exemplo.

A superintendente reforça que a situação não é exclusiva de Mato Grosso e destaca que todo país está trabalhando para a municipalização da liberdade assistida, que é oferecer ao infrator uma punição em meio aberto com a obrigatoriedade de cumprir serviços sociais, por exemplo. Ela destaca que a ideia é responsabilizar o jovem logo no primeiro ato infracional cometido, independente da natureza, para evitar que ele volte a praticar delitos e evolua no crime.

Lenice afirma que Mato Grosso tem 20 municípios que emprega a liberdade assistida, com destaque para o trabalho realizado por Tangará da Serra, Rondonópolis, Cáceres e Alta Floresta.

Embora a situação em Cuiabá esteja aquém do desejado, a superintendente destaca que o programa tem surtido efeito. Em 2006, o Centro Socioeducativo, no Complexo Pomeri, tinha 230 internados somente da Capital. Atualmente, são 177, apresentando uma redução de 23%.

Para Lenice, Mato Grosso caminha para alcançar e atender as determinações do ECA, o que deve ocorrer até 2012, conforme determina o programa de Governo. A superintendente aponta ainda a importância da integração e participação de todos os órgãos relacionados ao atendimento de jovens.

CNJ - Relatório apresentado ontem pelo Conselho Nacional de Justiça e o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) afirma que a estrutura judiciária de Mato Grosso para atender infratores é boa. No Centro-Oeste, os estados mais críticos são Goiás e Mato Grosso do Sul.

O estudo afirma que a Região Norte apresenta as maiores deficiências sobre o funcionamento das varas da infância e juventude do Brasil. O relatório aponta que 54,3% das comarcas judiciais nessa região apresentam altos índices de vulnerabilidade social, carência de equipes interdisciplinares com falta de médicos, psicólogos e assistentes sociais, além de problemas estruturais como a inexistência de um gabinete exclusivo para atendimento das crianças e adolescentes.





Fonte: A Gazeta

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