Os três concursos apontados pela Polícia Federal como fraudados por uma quadrilha presa nesta quarta-feira somaram mais de 130 mil inscritos na época, segundo as instituições responsáveis pela aplicação das três provas. As fraudes aconteceram em concursos da Polícia Federal, Receita Federal e da OAB.

Outros concursos da Abin e da Anac também estão sendo investigados. Além disso, a PF aponta que o grupo tentou, sem sucesso, fraudar provas da Caixa Econômica Federal, da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), do INSS, da AGU (Advogado da União), da Santa Casa de Santos, de Defensor Público da União e da Faculdade de Medicina de Ouro Preto.

Dos três concursos fraudados o que mais possuía inscritos era o da Polícia Federal, em 2009, com mais de 63,2 mil candidatos, segundo pelo concurso da Receita Federal, de 1994, com 48.311; e da segunda fase da OAB, também de 2009, que teve 18,7 mil inscritos.

No caso da seleção de agentes para a PF, foram identificados 53 candidatos que tiveram acesso à prova. Dessas pessoas, seis teriam conseguido chegar à fase final do concurso e seriam empossadas na próxima sexta-feira (18). Com a identificação da fraude, eles foram expulsos e devem ser indiciados pelos crimes de interceptação e estelionato.

Já no concurso da Receita Federal, foram identificados 41 candidatos que compraram a prova. Logo após a prova, houve suspeita de fraude, mas essas 41 pessoas suspeitas conseguiram direito na Justiça para que fossem empossadas, além do recebimento de indenização no valor de R$ 3 milhões cada um pelo tempo em que não puderam assumir o cargo.

No caso da prova da OAB, a instituição decidiu anular a segunda fase do terceiro exame da OAB de 2009 após suspeita de fraude. Com isso, 26 candidatos que teriam tido acessos à prova pela quadrilha não puderam ser classificados.

Investigações

As investigações apontam que as provas mais caras eram para o concurso de auditores fiscais. Seguidas pelas provas para delegado federal (R$ 178 mil), agentes da PF (R$ 79 mil) e da OAB (R$ 50 mil). Para as pessoas que não possuíam os diplomas exigidos pelos concursos, a quadrilha providenciava o documento pelo valor de R$ 30 mil.

Todas as pessoas apontadas como clientes da quadrilha foram indiciadas, mas permanecem soltas. Elas devem responder pelos crimes de interceptação e estelionato. Já os suspeitos de fraudar as provas devem responder por formação de quadrilha, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos públicos, entre outros.

Além dos mandados de prisão, a PF cumpriu ainda nesta quarta outros 34 de busca e apreensão, sendo 21 deles na Grande São Paulo. Durante a operação foram recolhidas provas, documentos, pontos eletrônicos e uma quantia não determina de dinheiro.