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Politica MT
Sábado - 12 de Junho de 2010 às 10:05
Por: Alline Marques

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O advogado Max Weyzer Mendonça Oliveira, um dos investigados pela Polícia Federal na Operação Asafe, admitiu ter negociado do algumas sentenças em favor de seus clientes com Ivone Reis de Siqueira, apontada como lobista no esquema de corretagem de decisões no âmbito da Justiça Eleitoral e do Tribunal de Justiça. Os esquemas vêm sendo investigados por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Disposto a colaborar com as investigações, o depoimento de Max Weyzer traz informações reveladoras e complica ainda mais a situação de alguns magistrados, entre eles, o juiz Cirio Miotto. Ele revelou como funcionava as negociações e os valores de algumas decisões conquistadas em favor de seus clientes, segundo apurou o Olhar Direto.

Max explicou, em depoimento dado à PF, que conhece Ivone Reis desde a infância e também tem contato com a advogada Célia Cury, esposa do desembargador José Tadeu Cury, que foi afastado por decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e com o genro dela, o empresário Claudio Manoel Camargo Junior.

Caso Loris

No caso de Loris Dilda, acusado de matar o irmão e acusado de ter comprado um habeas corpus a seu favor, Max Weyzer revelou que tornou-se advogado do réu por indicação de Leumar Dilda, irmão de Loris. Ele assumiu o caso após reunião com o cliente em março de 2006, quando tomou conhecido de já havia tentado outros habeas corpus, mas todos haviam sido negados.

Segundo Max, Loris já o procurou informando estar disposto a pagar pelo habeas corpus. “Loris estava precisando desesperadamente de um HC e já iniciou as tentativas querendo saber quanto que custaria para ele obter uma decisão favorável em HC no TJMT (Tribunal de Justiça de Mato Grosso)”, afirmou.

O advogado respondeu que iria até o TJMT e estudaria o caso para poder apresentar uma proposta. Então pegou uma cópia do processo de Loris, na Vara de Sorriso, e procurou Ivone Reis, “que tinha o contato no Tribunal”. Apresentou o caso a ela, entregou a minuta do HC com as partes principais do processo, e a lobista ficou de informá-lo o preço da decisão.

De acordo Max o processo foi distribuído normalmente e “iria ser encaminhado por prevenção ao juiz Cirio Miotto”, que tornou-se o relator do processo. Ivone mais uma vez prometeu que iria conversar com o magistrado para saber o valor que seria cobrado. Em seguida, informou que o preço acertado era de R$ 50 mil e mais R$ 10 mil para o declarante pelos serviços advocatícios.

O advogado explicou então que seu cliente optou por pagar em dinheiro os R$ 10 mil a ele, e os outros R$ 50 mil seria pago em cheque, porém era para ser descontado somente após a decisão favorável. Max impetrou com o HC, conforme a minuta que lhe voltou corrigida, tendo sido entregue por Ivone e a o magistrado concedeu a revogou o HC, como já era esperado pelo grupo.

“Então após a decisão do grupo do magistrado solicitou que fosse trocado o cheque de R$ 50 mil por dinheiro vivo”, relatou. Loris providenciou o pagamento, entregando um cheque de R$ 10 mil ao advogado e o restante seria pago diretamente a Ivone.

Segundo Max, o cheque foi entregue nas mãos da lobista por ele mesmo, que também tinha uma participação de 20% do total de R$ 50 mil para receber do grupo, porém nunca foi pago.

Após a decisão, Loris viajou para Florianópolis e uma semana antes do julgamento do mérito do HC, Ivone ligou para o advogado informando que Cirio Miotto queria mais R$ 50 mil para o julgamento favorável do mérito. Max discutiu com a lobista e ligou para seu cliente informando que o grupo queria mais dinheiro.

Loris ficou indignado, voltou a Cuiabá, e foi falar diretamente com Ivone e propôs pagar somente R$ 25 mil pela decisão, porém o grupo do magistrado não teria aceitado o valor e sendo assim o mérito foi julgado e negado por dois votos a um. Cirio Miotto votou favorável, mas foi vencido pelos demais vogais: Evandro Stábile e Antônio Horácio.

Max relatou à PF, que após o fato seu cliente foi procurá-lo e cobrou que o dinheiro fosse devolvido e o ameaçou. “Ele disse que queria os R$ 50 mil de volta, muito nervoso, dizendo inclusive que já havia matado um irmão e para matar um advogado não custava nada”, contou.

O advogado ligou para Ivone cobrar o grupo de Cirio Miotto, no entanto, o magistrado não aceitou devolver o dinheiro e acertou com Loris de devolver apenas metade do valor (R$ 25 mil), entretanto, segundo Max foram repassados ao cliente apenas R$ 18 mil.

Questionado sobre a influência de Celia Cury no processo, Max explicou que, pelo que tem conhecimento, a advogada teria uma participação com Ivone na negociação, mas não soube dizer se foi ela quem “agilizou o negócio com o magistrado diretamente”.

O advogado negou conhecer Firmino Pedro Nascimento Neto, que conforme investigação da Polícia Federal, teria realizado a transferência de R$ 6.800 na conta de Max no dia 21 de julho de 2006. Ele também isentou o marido de Ivone, Waldir Siqueira, que recebeu na conta R$ 40 mil.






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