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Quinta - 10 de Junho de 2010 às 07:52
Por: Jean Campos

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Em depoimento prestado à Polícia Federal no dia 18 de maio – data da deflagração da operação Asafe -, a dona-de-casa Ivone Reis de Siqueira revelou que vinha intermediando venda de sentenças no Judiciário mato-grossense há quase dez anos e que ela seria “o menor elo nessa cadeia que está sendo investigada”. Entre outros casos, narrou a negociação de um habeas corpus, expedido pelo juiz Círio Miotto, que teria custado R$ 50 mil.

Ivone é citada no inquérito sigiloso que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) como uma das figuras centrais do suposto esquema de negociação de sentenças. Ao lado de Célia Cury, esposa do desembargador aposentado José Tadeu Cury, ela aparece nas investigações como “lobista”. Ambas chegaram a ser presas durante a Operação.

Ao ser questionada sobre sua ligação com o juiz Círio Miotto, ela narrou que, em meados de 2006, foi procurada pelo advogado Max Weyzer Mendonça, que teria um cliente chamado Loris Dilda, acusado pela morte do próprio irmão. Tal cliente teria um mandado de prisão preventiva em aberto e Max estaria à procura de um habeas corpus. Como não tinha “relacionamento ou facilidades” com Círio Miotto, relator do processo, Ivone contou que ligou para Célia Cury e repassou o caso.

“Célia disse que levaria o habeas corpus em favor de Loris Dilda para o juiz Círio Miotto e o consultaria se ele iria aceitar deferir a liminar”, disse Ivone Reis à Polícia Federal. Em seguida, ela explicou que Célia entrou em contato com o advogado Max para saber quanto o seu cliente estaria disposto a pagar. Após o contato, ficou acertado que Ivone “receberia dez mil reais e outros quarenta mil reais seriam a parte cobrada, segundo Célia, por ela e o magistrado”.

No depoimento consta ainda que os R$ 40 mil pagos a Célia Cury e Círio Miotto foram entregues “nas mãos de Célia” por Ivone, em virtude de o valor ter sido depositado na conta do marido da dona-de-casa, “que nada sabia dos fatos”.

Embora não seja advogada, tampouco formada em Direito, Ivone Reis explicou à PF que, por ter marido advogado e conhecer muitos desses profissionais, começou a indicar advogados conhecidos para pessoas que a procuravam. Dessa forma, passou a ganhar comissão sobre os contratos assinados.

Depois de conversa com seu advogado durante a oitiva, ela informou que desejava “colaborar irrestrita e efetivamente com a investigação, ciente de que as informações prestadas irão auxiliar no esclarecimento dos fatos”. Além disso, o depoimento mostra “(...) que foi oferecida a possibilidade de delação premiada a ser efetivamente aplicada pela ministra responsável pelo caso”. Apesar da possibilidade, o advogado de Ivone, Murilo Costa Mello, informou que sua cliente não aceitou tal benefício.

Conversas interceptadas através de escuta ambiental em cômodo na sua residência revelam que ela também estaria envolvida em tentativa de desvio ilegal de altos valores depositados em contas de pessoas possivelmente mortas. Nas escutas são citadas contas que acumulam valores que variam de R$ 4 milhões a R$ 181 milhões. Os valores, segundo Ivone, nunca foram retirados. Ciro Miotto não tem atendido a imprensa. E Célia Cury disse ontem que deve se pronunciar na próxima semana.





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