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Agronegócios
Quarta - 09 de Junho de 2010 às 18:34
Por: Kalyandra Vaz

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Doze grupos que trabalham com artesanato e com o beneficiamento de produtos agrícolas de comunidades da agricultura familiar, assentamentos da Reforma Agrária e comunidades quilombolas representarão a Paraíba na sétima edição da VII Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária - Brasil Rural Contemporâneo, promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), de 16 a 20 de junho na Concha Acústica, em Brasília (DF). Os representantes dos grupos expositores paraibanos estiveram reunidos com a coordenação da Comissão Organizadora dos Empreendimentos Paraibanos que irão participar da VII Fenafra na sede da Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Paraíba, em João Pessoa, quando acertaram os últimos detalhes da participação do Estado na Feira.

A produção será distribuída em estandes individuais e coletivos, distribuídos em cinco ambientes que reproduzem estilos e características das regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste, Sudeste e Sul. No estande da Paraíba estarão à venda mel de abelha, redes, toalhas, renda renascença, peças de artesanato fabricadas com sisal, polpa de mangaba e cocada na quenga de côco.

Centenas de expositores de todos os estados brasileiros participarão da VII Fenafra, entre agricultores familiares, pescadores artesanais, trabalhadoras rurais, assentados da reforma agrária e do Crédito Fundiário, extrativistas, aquicultores, quilombolas e indígenas que atendam os requisitos para enquadramento como beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e que sejam proprietários de empreendimentos agroindustriais e de artesanato rural. Participarão ainda movimentos sociais, escolas agrotécnicas, instituições e organizações de ciência e tecnologia, organizações não governamentais, potenciais compradores e consumidores.

Almofada ou rede?

Um dos grupos representantes da Paraíba vai oferecer aos visitantes da VII Fenafra um produto curioso: a rede para viagem, que, na realidade é uma rede que ao ser dobrada se transforma em uma almofada. A peça é confeccionada pelo Núcleo de Mulheres Artesãs do Assentamento Acauã (Numaa), fundado em abril de 2009, que reúne dez mulheres do assentamento, localizado no município de Aparecida, no sertão paraibano. Redes para viagem, jogos de cozinha e bonecas de crochê estão entre as 70 peças que o grupo vai levar na bagagem para Brasília. “Começamos a fazer a rede que se transforma em almofada no ano passado, mas a peça já vem fazendo o maior sucesso. As pessoas ficam muito admiradas em ver a transformação de uma peça em outra”, conta a agricultora e artesã Maria do Socorro Lúcio, 47, que vai representar o grupo Numaa na VII Fenafra.

De acordo com Maria do Socorro, a idéia de produzir a rede que vira almofada surgiu durante um curso sobre associativismo, quando o grupo de mulheres decidiu fundar um grupo de artesãs tendo como produto principal a rede. Em uma viagem de intercâmbio ao município de Juazeiro (CE) o modelo da rede que vira almofada (rede para viagem) foi ensinado ao grupo pela artesã Josefa Tavares (dona Alda). “Ainda não temos um ponto de venda, mas vendemos em feiras, em encontros e na comunidade e já podemos dizer que o artesanato vem modificando vidas, trazendo um crescimento profissional e melhorando a renda familiar no nosso assentamento”, conclui Maria do Socorro.

Para produzir peças de qualidade, o grupo participou de capacitações sobre Organização, Gestão e Produção de Artesanato com enfoque em Gênero, Cidadania e Economia Solidária, e ainda sobre Associativismo. Os recursos para a produção das primeiras peças saíram do Fundo Rotativo Solidário (FRS) com os parceiros financiadores BNB/Etene/Senaes/MTS/MDS.

Polpa de mangaba

Genuinamente brasileira, a mangaba, ‘‘fruta boa de comer’’ em tupi-guarani, promete ser uma das atrações do estande paraibano na VII Fenafra. A Cooperativa Agropecuária dos Produtores Rurais do Assentamento Camucim Ltda (Caprac), fundada em julho de 1997 com a finalidade de apoiar a organização dos agricultores, a produção e a comercialização dos produtos do Assentamento de Camucim, localizado no município de Pitimbu, litoral sul da Paraíba, pretende comercializar uma tonelada de polpa da fruta durante os cinco dias da Feira. A Caprac reúne 86 cooperados que plantam mangaba em 70 hectares do assentamento. A maior parte das 37 famílias assentadas na área, transformada em assentamento há 25 anos, passou a cultivar a fruta, que já existia na região, mas teve o plantio em larga escala estimulado por um projeto da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-PB), há 15 anos.

Há três anos, as duas safras anuais de mangaba produzidas no assentamento são destinadas ao beneficiamento. Em uma agroindústria localizada no município de Mata Redonda, a meia hora de carro de Camucim, as cerca de 50 toneladas de mangaba produzidas anualmente são transformadas em polpa, embalada em pacotes de 1 kg e 1,5 kg. A unidade de beneficiamento de polpa de frutas funciona em um centro integrado de apoio à agricultura familiar construído com recursos do Programa Territórios da Cidadania. Além deste beneficiamento, o centro oferece espaço para capacitação dos agricultores, com acesso principalmente ao mercado institucional.

De acordo com o assentado Ailton Lourenço da Silva, 39, que vai representar a Caprac em Brasília, cada quilo de mangaba in natura produz praticamente o mesmo peso de polpa. O agricultor explicou que antes de beneficiar a fruta o lucro dos assentados não era tão grande. “Vendíamos uma caixa com 15 kg de mangaba por 8 ou 10 reais. Agora, com 15 quilos de polpa de mangaba conseguimos aproximadamente R$ 60 reais”, diz, acrescentando que, devido à fruta ser muito perecível, a polpa também diminuiu as perdas .

Quase toda a polpa produzida é destinada ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), nos municípios de Pitimbu, João Pessoa e Campina Grande. Por meio deste programa, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) compra a produção dos trabalhadores rurais a preços justos e a destina a entidades sociais, como creches, escolas e asilos, atendendo assim comunidades em situação de insegurança alimentar e nutricional. “Quem não plantou mangaba, se arrependeu. Tem dado muito certo. A renda de cada produtor chega, por mês, a R$ 600 ou R$ 700 reais. A vida melhorou muito depois da mangaba”, Ailton.

As famílias assentadas em Camucim conseguem enxergar um futuro ainda mais farto nas mangabeiras. “Estamos pensando em realizar no próximo ano o nosso primeiro festival da mangaba e ainda iniciar a comercialização da casca da mangabeira para fins medicinais”, complementa Ailton, acrescentando que matéria divulgada recentemente em programa de televisão em rede nacional destacou as propriedades da casca da planta no combate à hipertensão.






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