O presidente americano, Barack Obama, prometeu neste sábado usar "todos os recursos" a seu alcance para ajudar os afetados no golfo do México a se recuperarem da pior catástrofe ecológica da história do país, momentos antes de uma fonte oficial americana anunciar que o dispositivo instalado pela petroleira britânica BP conseguiu capturar, na véspera, um volume de 950 mil litros de óleo no duto danificado.

"Continuaremos avaliando todos os recursos a nossa diposição para proteger a costa, limpando o petróleo, fazendo a BP e outras empresas pagarem pela responsabilidade nos danos, recuperando a beleza desta região e ajudando os trabalhadores do Golfo do México a reconstuírem suas empresas", disse Obama em seu programa semanal de rádio, falando de Grand Isle, comunidade da Louisiana.

As declarações de Obama foram feitas enquanto a British Petroleum (BP), empresa responsável pela tragédia, assegurava que pela primeira vez começa a controlar o vazamento, estimado em 80 milhões de litros de petróleo, mais de um mês depois do afundamento da plataforma Deepwater Horizon, após uma explosão a 80 quilômetros da Louisiana, que deixou 11 mortos.

O dispositivo de contenção posicionado pela companhia sobre o duto danificado no golfo do México conseguiu capturar 6.000 barris de petróleo (950.000 litros) na sexta, e espera-se que o volume de óleo contido aumente em breve, informou o comandante da Guarda Costeira americana, almirante Thad Allen.

"No primeiro ciclo completo de 24 horas, ontem (...) eles conseguiram capturar 6.000 barris do duto", disse o almirante Thad Allen, que monitora a resposta ao vazamento.

O dispositivo, colocado sobre o vazamento, na quinta, visa a recolher o petróleo, permitindo embarcá-lo, através de um duto, em um contêiner na superfície.

A BP conseguiu colocar um dispositivo, similar a um funil, sobre o escapamento de petróleo (1,6 km sob o nivel do mar). Embora a BP tenha destacado que a solução é temporária, a empresa acredita que conseguirá capturar a "grande maioria" do petróleo derramado.

"Isto é apenas temporário e um conserto parcial, por isso devemos continuar com operações de resposta agressivas na fonte (do vazamento), na superfície e ao longo da costa", disse o almirante Thad Allen, encarregado da coordenação das operações no golfo.

Até agora a BP havia fracassado em todas as tentativas de deter o vazamento contínuo de petróleo.

O diretor de exploração da BP, Doug Suttles, disse ter "bastante confiança de que vai funcionar. Sem dúvida não vai capturar todo o fluxo (de petróleo), mas deverá capturar a grande maioria".

Na sexta-feira, a gigante petrolífera anunciou que enviará este mês um segundo pagamento a pessoas e empresas afetadas pelo vazamento.

Com este segundo pagamento, a BP calcula que terá gasto US$ 84 milhões em compensações pelas perdas causadas pela catástrofe.

"Lamentamos profundamente o impacto que o vazamento de petróleo tem tido sobre indivíduos e negócios, e entendemos a necessidade de uma compensação rápida e razoável", disse Suttles.

O governo americano enviou à BP uma primeira conta de US$ 69 milhões pelos gastos causados ao erário público.

O governador da Flórida, Charlie Crist, pediu ainda um pagamento de US$ 100 milhões da BP para proteger o chamado "estado ensolarado" de eventuais danos ambientais e econômicos decorrentes do acidente.

No início de sua terceira visita à Louisiana desde 22 de abril, quando a plataforma afundou, Obama disse estar furioso com a contaminação no golfo do México e acusou a BP de não levar em conta "as consequências de suas ações".

A BP "tem obrigações morais e legais aqui, no golfo", disse Obama. "Esta situação me enfurece porque demonstra que alguém não pensou nas consequências de suas ações", acrescentou.

O presidente americano teve que cancelar pela segunda vez uma viagem prevista à Austrália e à Indonésia, por causa da proporção do desastre.

Para Obama, a catástrofe se tornou um grave problema que ameaça derrubar sua popularidade e ofuscar qualquer outro feito de sua gestão.

A TV e os jornais americanos mostraram imagens chocantes de pelicanos e outras aves marinhas completamente encharcadas de petróleo ao longo da costa da Louisiana.

Sessenta aves marinhas foram encontradas na quinta-feira cobertas por uma camada de óleo na ilha Queen Bess en Louisiana. Delas, 41 eram pelicanos.