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Quarta - 19 de Maio de 2010 às 07:37
Por: Jean Campos

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Entre as denúncias feitas pelo juiz Leopoldino do Amaral, assassinado em 1999, consta o nome de advogada presa ontem
Entre as denúncias feitas pelo juiz Leopoldino do Amaral, assassinado em 1999, consta o nome de advogada presa ontem

A deflagração da operação Asafe, que investiga suposta prática de venda de sentença no Poder Judiciário de Mato Grosso, reaviva denúncias feitas pelo juiz Leopoldino Marques do Amaral, encontrado morto em 7 de setembro de 1999. Com base numa carta deixada pelo magistrado, a constatação que se faz é que práticas como nepotismo e venda de sentenças podem vir se arrastando, pelo menos, nos últimos onze anos. Entre os denunciados, figuras recorrentes.

O corpo de Leopoldino Marques do Amaral foi encontrado carbonizado às margens de uma rodovia no município de Concepción, no Paraguai (a 210 km da fronteira com o Brasil).

Meses antes de morrer, ele encaminhou carta à CPI do Judiciário, criada no segundo mandato do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), destinada à apuração de denúncias da existência de irregularidades praticadas em órgãos ligados ao Judiciário de todo o Brasil.

Em Mato Grosso, o juiz denunciou dezesseis dos vinte desembargadores do Tribunal de Justiça por envolvimento em irregularidades. Parte deles já se aposentou, e outros faleceram ou continuam atuando no Tribunal. O mesmo documento, na época, foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, ao Superior Tribunal de Justiça, ao Ministério Público e à Polícia Federal. Leopoldino relata suas denúncias citando nomes e intitulando cada episódio.

Denúncias como contratação e nomeação de funcionários para cargos comissionados “com objetivos sexuais”, aposentadoria de parentes no exercício de cargos comissionados, manipulações de julgamento, comercialização de sentença, tráfico de influência de esposas de desembargador, nepotismo em concursos públicos para o cargo de juiz e incorporação de vantagens salariais figuram no documento entre as supostas irregularidades.

Entre os citados aparece a advogada Célia Cury, presa na operação Asafe. “Em Cuiabá, os advogados reclamam não aguentar a concorrência com as mulheres de desembargadores que advogam. A doutora Célia Cury ultimamente está envolvida num caso do Bemat, na comarca de Jaciara”, acusou o juiz. Célia é esposa de José Tadeu Cury, desembargador aposentado compulsoriamente pelo Conselho Nacional de Justiça, acusado de participação em esquema de desvio de verba para uma cooperativa de crédito ligada à Maçonaria.

O magistrado finaliza a carta denunciando barbaridades como o uso de recurso do fundo institucional destinado à manutenção dos serviços judiciários para custear turismo de desembargador e até para pagar cirurgia plástica de esposa de magistrado. “Sei que pagarei um preço muito caro por esta denúncia. De denunciante passarei a bandido. Mas é assim mesmo. Ratifico tudo o que disse acima como se estivesse sob juramento”, finalizou Leopoldino Marques do Amaral, na carta datada de 23 de junho de 1999.






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