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Economia
Domingo - 21 de Março de 2010 às 03:55
Por: Jonas da Silva

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Soja é a principal matéria-prima usada na produção nas usinas estaduais
Soja é a principal matéria-prima usada na produção nas usinas estaduais

O biodiesel e diferentes tipos de álcool como fontes de energia renovável têm a capacidade de suprir o mercado interno brasileiro. E Mato Grosso pode com isso se firmar na liderança da produção de biocombustíveis. Nos últimos 2 anos, os dados da fabricação reforçam tal perspectiva para produtos do segmento. Atualmente, o produto é utilizado para transporte e não insumo energético industrial. O resultado é que no meio da cadeia, a demanda pela matriz energética estimulou novas pesquisas para se obter um produto de alto nível.

O professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e coordenador do Laboratório de Pesquisas Químicas de Produtos Naturais, Paulo Teixeira Souza Júnior, argumenta que o biodiesel é importante por demonstrar a capacidade do Brasil e de Mato Grosso desenvolverem e dominarem uma tecnologia de menor impacto ao ambiente. Pois reduz em mais de 80% o carbono que permanece na atmosfera, não emite enxofre causador da chuva ácida e tem menos material particulado.

Ele foi um dos palestrantes na mesa redonda "Crise Energética e Agrocombustíveis", no 3º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, encerrado neste sábado (20). Ele demonstrou o histórico dos projetos brasileiros para a saída ante o quadro de maior consumo, com a inovação do álcool e biodiesel. Os biocombustíveis são o caminho do futuro para uma parte da indústria da transformação, diante das vantagens.

O Brasil e Mato Grosso, analisa, está na mão contrária da falta de energia mundial e tem que tirar proveito da situação. "Pelos próximos 20 a 30 anos, os biocombustíveis são a grande janela de oportunidades para o Brasil. Não vai resolver o problema do mundo, porque para ter o produto para todo o planeta precisaríamos plantar cana em todo o Brasil". Mas, afirma, é possível abastecer o mercado interno e há ainda haver sobra para exportação.

O professor defende que o perfil inovador de produção de energia renovável como o biodiesel e o álcool pode ser multiplicado em outros países com a utilização da tecnologia brasileira. "Nos biocombustíveis, o Brasil é grife e podemos aproveitar essa tecnologia. Vários países do mundo podem produzir com nossa tecnologia, não tem problema". Apesar do avanço no caso da produção do biodiesel, o pesquisador revela que a preocupação principal de órgãos reguladores e fiscalizadores do mercado deve ser com a garantia da qualidade. "Tem muita gente produzindo fora do padrão da Agência Nacional de Petróleo, a ANP. São 24 análises feitas no biodiesel. Produzem fora do padrão e de forma clandestina".

De outro lado, ele observa que uma ameaça sempre lembrada pelos biocombustíveis é a pressão pelo desflorestamento. Porém, o professor diz que a produção energética a partir das energias renováveis não requer abertura de novas áreas. "Temos terras hoje disponíveis para plantar cana-de-açúcar e ampliar em 10 a 15 vezes a produção de álcool sem desmatar mais, só com uso de terras degradadas das pastagens", explica o pesquisador.

Mato Grosso está com plantas que lideram a produção de biodiesel em nível nacional, em revezamento com o Estado do Rio Grande do Sul. Mesmo assim, conta Paulo Teixeira, o diferencial está na diversificação do parque produtivo. Enquanto no Sul há poucas e grandes indústrias, no Estado está a maior planta de produção de biodiesel do mundo, a ADM de Rondonópolis, além das pequenas indústrias. Ele cita o fato de o Estado dispor de uma usina como a Barralcool, em Barra do Bugres, cujos produtos finais a partir de matéria-prima vegetal são açúcar, álcool, energia elétrica para autossuficiência, produzida a partir do bagaço da cana-de-açúcar e biodiesel, cuja linha foi inaugurada em 2007 pelo presidente Lula. "A cana tem forte participação na geração elétrica no Brasil, pois 30% da energia gerada no país é de bagaço de cana".





Fonte: A Gazeta

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