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Quinta - 11 de Março de 2010 às 16:55
Por: Bruno Garcia

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Diógenes Curado, para quem o cabo Oliveira agiu dentro das normas ao abordar criminosos
Diógenes Curado, para quem o cabo Oliveira agiu dentro das normas ao abordar criminosos

O secretário de Justiça e Segurança Pública, Diógenes Curado, amenizou uma suposta tortura sofrida por Cassimiro Moraes dos Santos - acusado de matar o cabo PM Edson de Oliveira, 46, na noite de terça-feira (9), no Beco do Candeeiro, no Centro Histórico de Cuiabá -, reprovando a ação, porém ponderando que esse fato não pode encobrir o assassinato.

"O fato mais grave é a morte do policial, que deixa uma família. E essa suposta tortura, não pode encobrir o assassinato", disse Curado, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (11).

O secretário de Segurança informou que a Polícia Militar abriu inquérito interno para apurar a denúncia de tortura. O resultado do procedimento, segundo o coronel Joelson Sampaio, comandante do Policiamento da Capital, deve ser concluído nos próximos 40 dias. Cerca de 20 militares devem ser investigados.

A acusação feita pelo suspeito, conhecido como "Cacau", é que ele foi torturado com choque e queimado com auxilio de álcool. Segundo ele, o fato teria acontecido dentro da sala da PM, no Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc), do bairro Verdão. O Instituto Médico Legal (IML) fez um exame de corpo delito em Cassimiro e o laudo será juntado ao inquérito policial.

Em função das queimaduras, o acusado foi atendido no Pronto-Socorro de Cuiabá e encaminhado para a Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), onde prestou depoimento. Em seguida, o acusado foi recambiado para o presídio do Pascoal Ramos.

Na versão dos militares, conforme MidiaNews revelou ontem, é que teriam colocado álcool em algumas feridas no corpo de Cassimiro "para desinfetar" e, "como ardeu", ele teria pulado de dor e "encostou" no cigarro de um dos PMs.

Apesar das versões colocadas, o secretário Curado disse que é preciso ter cautela, pois, para a Sejusp se posicionar sobre o fato, será necessário a conclusão do inquérito policial, que apontará o que houve após a prisão.

"Vamos ouvir a defesa dos militares e ouvir também o preso. Nada será antecipado. Mas, não podemos permitir que esse fato se sobreponha às investigações da morte do militar", declarou.

O secretário levantou suspeitas sobre o acontecido, ao apontar que a denúncia de tortura pode ser "uma manobra" utilizada pelo acusado para tentar encobrir o assassinato ou, até mesmo, uma possível proteção. "Não sabemos ainda o que realmente aconteceu lá. Vamos aguardar as investigações", disse Curado.

Choque e folga

Questionado sobre a utilização de equipamento para, supostamente, aplicar choque em Cassimiro, Curado informou que esses aparelhos não são utilizados pela Polícia Militar. "Desconheço a utilização desse aparelho em delegacia. Se ficar comprovado isso, vamos investigar de quem era essa máquina de dar choque, pois da Sejusp não é", afirmou.

Sobre o fato de o cabo Oliveira estar de folga na ocasião em que fez a abordagens aos três elementos, numa das regiões mais perigosas do Centro Histórico, o secretário analisou que isso foi "uma decisão do militar" e, a partir daí, ele estava em ação. Edson de Oliveira trabalhava no Grupo Especial de Fronteira (Gefron).

"Ele morreu em serviço, pois o policial tem que agir quando vê um fato criminoso. Temos policiais que arriscam mais e outros menos. E os melhores são os que arriscam mais. Todavia, a abordagem não foi feita dentro do padrão da PM", avaliou.

Ficha criminal

Durante a entrevista coletiva, o secretário Diógens Curado ainda apresentou a ficha criminal do acusado de matar o cabo da PM, informando que ele foi preso por duas vezes.

Em 2006, Cassimiro foi preso, em flagrante, por assalto a mão armada; no ano seguinte, novamente, foi preso outra fez em flagrante, por tentativa de roubo a mão armada.

"Uma pessoa dessa deveria estar presa. Um homem perigoso solto nas ruas, mas essa decisão já cabe a outra esfera, a judicial", analisou.

Assassinato

O cabo PM Edson de Oliveira foi morto com um tiro no coração, no Centro Histórico de Cuiabá. O crime aconteceu por volta das 19h, na esquinas da Ruas Voluntários da Pátria e 7 de Setembro, local conhecido como "Beco do Candieiro" e famoso por ser considerado ponto de tráfico de drogas e de prostituição.

Oliveira realizava uma abordagem a três pessoas que estavam em atitude suspeita no local. Um deles reagiu e disparou três tiros contra o policial. Um dos disparos atingiu o coração de Edson, que foi socorrido ainda com vida, mas morreu no Pronto-Socorro Municipal da Capital.

O acusado do crime foi preso, rapidamente, pela PM. Ele foi encontrado com a arma do crime em uma kitnet, nas proximidades do local do crime, nos fundos da Igreja São Benedito. O criminoso foi preso em flagrante.






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