Vereador Julio Magalhães renuncia à liderança da bancada governista de Alto Paraguai

Na primeira sessão ordinária da Câmara de Alto Paraguai, a grande surpresa ficou por conta do vereador Ivo Ramos, que renunciou à liderança do bloco situacionista na Casa. Ele já havia remetido dois ofícios à Presidência da Câmara, um avisando que tomaria essa atitude “por razões partidárias” e outro clamando ao Executivo que adotasse medidas urgentes para canalizar o esgoto na Rua 15 de Novembro, anexando ao documento um abaixo-assinado dos moradores deste logradouro.

Ao subir à tribuna, explicou que não culpa o Prefeito pelo que considera uma má administração, mas não poupou o 1º escalão do Executivo, aludindo ao “desgoverno de alguns secretários, que andam por aí agredindo vereadores e até enchendo a cara de cachaça”. Preferiu não citar nomes, mas queixou-se com veemência do Secretário de Transportes, “que insulta os vereadores e ainda posa de salvador da Pátria”. Prosseguiu o discurso observando que Adair possui “uma equipe desunida, desafinada” e apontou diversos problemas pendentes de solução, como “a falta de iluminação adequada, a respeito da qual tenho escutado várias reclamações. Lá no Planalto é um breu só. O cidadão paga a taxa de luz, mas cadê a benfeitoria?”. Recordou que a obra na Rua Almirante Barroso, orçada em R$ 1,4 milhão, foi arrematada por uma empreiteira “que não tem caminhão, não tem equipamento, não tem preparo. Que licitação é essa?”. Também comentou a transformação da garagem da Prefeitura “num verdadeiro sucatão, cheio de carros abandonados, vão tirando as peças e inutilizando os veículos”. Pior ainda, segundo o parlamentar, foi o critério usado para escolher quem seria agraciado com as casas populares recentemente construídas: “Não foram atrás de quem tem mais necessidade. Escolheram as pessoas a dedo, mas segundo outros critérios”, acusou. Parece, segundo Ramos, que paira sobre Alto Paraguai uma verdadeira maldição, “pois tudo que é para dar errado dá errado nessa cidade”. O Prefeito, quando soube, mandou cancelar as doações, mas os papéis já haviam sido enviados à Caixa Econômica Federal, tornando o fato irreversível.

O parlamentar destacou aspectos positivos do governo, como o recente aprovação do plano de carreira dos professores da rede municipal, que aumentou de R$ 542 para R$ 630. Dedicou especial elogio à capacidade do Prefeito para conseguir convênios e recursos do Estado e do Governo Federal, o que reforça o caixa da cidade. Entretanto, frisou o líder renunciante, “falta planejamento”. Entrevistado com exclusividade pelo Divisor, Julio Magalhães destacou que continua a integrar a bancada governista, mas não a lidera mais porque seu compromisso maior é com seus eleitores, “que me paravam na rua e cobravam uma atitude”.