MDA financia R$ 46 mil para produtores quilombolas de Nossa Senhora do Livramento

Vinte e três agricultores familiares quilombolas do município de Nossa Senhora do Livramento (42 km ao Sul de Cuiabá) das comunidades de Aguaçu, Ponte da Estiva, Mata Cavalo, Mutuca e União Boa Vida assinaram contratos para a criação de frango caipira e suíno. O recurso na ordem de R$ 46 mil é financiado pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do Grupo B, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que permite financiar até R$ 2 mil em atividades agrícolas e geradoras de renda. O supervisor da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Mariano Batista de Campos, explica que os técnicos prestam assistência a 125 produtores quilombolas.

Conforme Mariano, já estão sendo elaboradas mais de 30 propostas de crédito para financiar a produção para o ano de 2010. Os técnicos agrícolas, Lucienio da Silva Miranda e Leonardo Cazoni de Castro estão trabalhando para levar informações sobre linha de crédito, elaboração de projetos aos agricultores e assistência técnica. Nesse programa são atendidas famílias agricultoras, pescadoras, extrativistas, ribeirinhas, quilombolas e indígenas que desenvolvam atividades produtivas no meio rural.

O produtor rural e aposentado, Belindro Braz Lúcio, 66 anos, e a mulher, Lúcia Pinho, 55 anos, estão criando suínos da raça piau e sorocaba desenvolvidos pela Empaer. Numa área de 20 hectares, plantam mandioca, milho e criação de pequenos animais. Empolgada Lúcia relata que pretende pagar o empréstimo ainda este ano, para em seguida fazer outro. “ Gosto de cuidar dos porcos, preparo a comida à base de mandioca cozida misturada com ração e folha de mandioca e pretendo ter mais animais”, salienta Lúcia.

Conforme dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a comunidade Quilombola em Livramento possui uma área de 14 mil hectares de terra, com 418 famílias cadastradas e a maioria cultiva agricultura de subsistência. O agente de saúde, Edson Batista da Silva, trabalha na região há mais de cinco anos, e conhece as 124 famílias da comunidade. Ele explica, que quando houver a regularização da área para as famílias ficará mais fácil o acesso ao crédito do pronaf A/B e consequentemente, as terras se tornarão mais produtivas.

O produtor de galinha semicaipira, Sebastião Coelho Soares, 47 anos e mulher, Maria Pinto de Moraes, 55 anos, conhecida como Maria do Chá por utilizar plantas medicinais na elaboração de medicamentos para dores e inflamações na comunidade. Com o empréstimo estão criando mais de 300 galinhas em uma barracão e no outro mais 100 galinhas. Sebastião ressalta, que algumas aves serão vendidas por R$ 10,00 a unidade e outras serão usadas para produzir ovos e pintinhos.

O técnico agrícola, Leonardo Cazoni, explica que a criação de suínos e galinha semi caipira estão se comportando muito bem, devido a baixa mortalidade. Ele fala que a Secretaria de Desenvolvimento Rural do município, está inserindo os produtores no cadastro da Secretaria de Educação para fornecedores da merenda escolar. Para os agricultores familiares a linha Pronaf é a maneira que o MDA encontrou para fazer a inclusão social das famílias, garantindo trabalho e renda.

Todos são unânimes em dizer que nasceram e se criaram na comunidade quilombola, não é diferente com o produtor rural Paulino Rodrigues Sobrinho, 58 anos e a mulher, Cecília Maria Pinho Rodrigues, 52 anos, que aderiram ao Pronaf e estão criando suínos para reprodução. O produtor adquiriu matrizes e reprodutores, da raça Sorocaba e piau. Ele está contente com a criação e já pensa em expandir com a criação de galinha.

Na propriedade de 20 hectares, Paulino tem o plantio de mandioca, banana, abacaxi e uma pequena criação de galinhas. “Pretendo comprar outros suínos, isso também vai depender da minha mulher, o que ela falar vamos fazer. Pretendo seguir em frente, pagando esse empréstimo, estaremos pronto para outro. Se tudo der certo, quero também ter um aviário produzindo aqui”, conclui Sobrinho.