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Polícia Brasil
Quinta - 31 de Dezembro de 2009 às 05:26
Por: Caroline Rodrigues

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Usuários de drogas, moradores de ruas e pessoas com problemas mentais estão utilizando as instalações do Terminal Rodoviário Engenheiro Cássio Veiga de Sá como moradia. Devido a falta de segurança, eles depredam os banheiros e áreas comuns, além de usarem o fundo do imóvel para fumar entorpecente. Existe um posto da Polícia Militar (PM), que foi reformado pela administração, mas até hoje não foi ocupado pelos policiais. O local está fechado e as pessoas que buscam auxílio encontram apenas um cadeado na porta.

Um carregador de malas, que prefere não se identificar, fala que não pode cochilar a noite, por tem medo de ser assaltado. Os drogados também ocupam os bancos e assustam os passageiros.

A perigo também está na área de estacionamento.O fiscal dos taxistas, Silvio Pereira, conta que muitas motos são furtadas durante o dia. Na semana passada, o trabalhador de uma empresa de ônibus foi fazer uma entrega. Ele demorou menos de 15 minutos dentro do terminal e quando voltou a moto não estava no lugar. Pereira afirma que no período de Natal, a PM colocou 2 policiais fazendo a segurança do imóvel, mas nos dias normais, não há ninguém para ajudar nas ocorrências.

Além da Polícia Militar, os agentes de trânsito nunca aparecem pelo local. Motoqueiros ocupam a área de faixa amarela, onde é proibido o estacionamento e também o espaço de embarque e desembarque. Vale lembrar que os veículos ficam em frente a área de estacionamento gratuito.

Os pilotos alegam que o estacionamento não tem área coberta e danifica as motos. Outra preocupação é com os roubos. Eles acreditam que perto dos guichês o perigo é reduzido.

<b>Estrutura -</b> Infiltrações e problemas no sistema elétrico, bem como hidráulico, são problemas comuns para os comerciantes e usuários da rodoviária. O prédio tem mais de 30 anos e até hoje não passou por uma reforma geral, apenas obras isoladas.

O resultado pode ser visto nas paredes, teto e terminais elétricos, que estão em alguns locais com os fios expostos. A água forma bolsa no espaço entre as lajes e causa fissuras na estrutura. Resultado: goteiras, que parecem não ter fim.

Em um dos quiosques, o comerciante Ivan Galdino de Araújo mostra as marcas do "pinga-pinga". A água cai em cima dos clientes e os afasta do estabelecimento.

Outra preocupação é a tela que protege o buraco de entrada de ar. A malha está quebrada e as pessoas ficam com medo de cair. Entre o chão e o fundo do buraco, são cerca de 5 metros de altura, o que pode causar até a morte de alguém em caso de acidente.

No banheiro público a situação também é complicada. As descargas estão quebradas e há uma trinca no azulejo perto do teto. Os vasos sanitários estão todos sujos e encardidos, do mesmo jeito que a parede e o piso.

O mau cheiro pode ser percebido de longe, apesar de ter um funcionário que limpa o local 2 vezes ao dia, além de passar pano várias vezes para dar manutenção. Pedro Hermídio, 59, diz que precisa chamar atenção de muitas pessoas, que, segundo ele, não têm educação. Ele conta que primeiro tenta o diálogo e nos casos mais grave, chama os vigias da rodoviária. O faxineiro relata que já viu pessoas fazendo as necessidades no chão e tentando quebrar o equipamento que armazena sabão e a pia. "Agente tenta conversar porque pode se tratar de um pessoa perigosa".

A sujeira pode ser vista também no acesso dos carros ao terminal. O local está cheio de mato, sacos de lixo e até um colchão está na encosta do túnel.

<b>Moradores -</b> Uma mulher de aproximadamente 70 anos e com problemas mentais, conhecida como Maria, é moradora do terminal rodoviário. Os funcionários do local dizem que ela tem familiares. Eles chegam em carros bonitos e a levam embora, mas a idosa sempre volta meses depois. Ela conta que vai para casa de uma irmã que mora na região do Verdão, mas que a parente trabalha muito e não tem tempo para dar atenção.

Maria costuma pedir comida de mesa em mesa nas lanchonetes e os passageiros sempre compram algo para ela. Em menos de 20 minutos, ela conseguiu dois marmitex, 2 águas e um café.

Ela consome apenas algumas garfadas da comida e deixa na beira do pilar. Segundo o faxineiro, Maria deixa os restos por vários pontos de terminal, mas não gosta que retirem os resíduos do lugar.

Quando a equipe de reportagem encontrou a idosa ela estava sentada no chão da área de desembarque, com os pés e as roupas sujas e carregando uma sacola plástica com alguns objetos pessoais. O tom da voz era baixo e ela disse que gosta de ficar no local e estava esperando um pessoa que vinha da cidade de Poconé.

<b>Outro lado -</b> O gerente de administrativo do terminal, José Neres, fala que há problemas estruturais, mas é resultado da idade do prédio. Ele conta que há um projeto para reforma geral e os documentos foram encaminhados para a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) e os responsáveis pelo local aguardam a aprovação do órgão. A expectativa é que as obras comecem a partir de março do próximo ano.

Neres fala que a rodoviária é aberta e não a como restringir o acesso das pessoas. Como não há presença da Polícia, os marginais aproveitam-se da situação para ocupar o espaço, que tem apenas segurança privada e não armada.

A Polícia Militar (PM), por meio da assessoria de imprensa, informou que a responsabilidade da segurança é da empresa que administra a rodoviária e que o posto funcionava na época que o terminal era administrado pelo Estado, há mais de 20 anos. Então, segundo a assessoria, a Polícia vai ao local quando é acionada e em rondas.


 




Fonte: A Gazeta

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