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Terça - 29 de Dezembro de 2009 às 10:12
Por: Caroline Lanhi

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A criança residia no Jardim Imperial, onde o índice de infestação predial por larvas do mosquito é de 4,6%, considerado
A criança residia no Jardim Imperial, onde o índice de infestação predial por larvas do mosquito é de 4,6%, considerado

Cuiabá registrou nesse fim de semana mais uma vítima fatal por suspeita de dengue hemorrágica. Dessa vez, a doença atingiu o pequeno Reginaldo Pereira Ferreira Filho, de 6 anos, elevando para 56 o número de mortes pela doença em Mato Grosso este ano. Só na Capital esta é a 13º óbito. A mãe Ondrines Silva Cruz, 37, e o pai Reginaldo Pereira Ferreira, 37, suspeitam que a criança tenha sido picada pelo mosquito transmissor da dengue no bairro Verdão, onde Reginaldo fazia fisioterapia.

A criança residia no Jardim Imperial, onde o índice de infestação predial por larvas do mosquito transmissor da dengue (LI) é de 4,6%, considerado risco de surto pelo Ministério da Saúde. O supervisor do Programa de Controle da Dengue da Secretaria de Saúde de Cuiabá (SMS), Fábio Henrique Oliveira, ressalta que a maioria das larvas foram encontradas nas caixas d"água que ficam no nível do solo e no chamado "lixo da dengue", aquele que acumula água, como papéis de bala, copos descartáveis e outros.

Os pais afirmam que, na véspera dos primeiros sintomas, eles receberam a visita de agentes de saúde que inspecionavam o bairro Jardim Imperial, onde mora a família. Segundo os familiares, nenhum foco de proliferação do mosquito foi encontrado no quintal de casa, assim como na vizinhança.

Os sintomas começaram na segunda-feira (21) com uma infecção na garganta e foram se agravando até a noite de sábado (26), quando Reginaldo já estava na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital particular da cidade e apresentava retenção de líquido no abdômen. Segundo Ondrines, o filho foi muito bem acompanhado pelos médicos que o atenderam desde os primeiros sintomas, mas a doença evolui muito rápido, culminado em uma parada cardíaca. O pequeno Reginaldo lutou pela sobrevivência desde os primeiros dias de vida, pois apresentava alguns problemas neurológicos e precisou passar duas vezes por cirurgias no crânio. Foram cinco anos de tratamento e muitos avanços até ser infectado pela doença.

O tratamento - De acordo com o médico da Saúde da Família e Comunidade Werley Silva Peres, nada impede que a dengue se manifeste acompanhada de outros tipos de infecções, como na garganta. Por isso, desde os primeiros sinais de febre, a hipótese de dengue deve ser cogitada e o acompanhamento médico passa a ser muito importante. Nos casos das crianças, Peres ressalta que esse acompanhamento, tanto médico quanto familiar, precisa ser redobrado, pois na infância a evolução para complicações ocorre de forma abrupta. A mesma atenção deve ser dada a pessoas com quadros especiais, como o de Reginaldo Filho e de gestantes.

O médico também ressalta que no período "pós-febre" a atenção tem que ser redobrada. Segundo o profissional, os primeiros sintomas de dengue hemorrágica aparecem depois que a febre é controlada. Assim, Werley enfatiza que, além do acompanhamento profissional e do uso de paracetamol e dipirona com receita médica, a hidratação é a parte mais importante do tratamento, principalmente quando a febre passa. "A hidratação precoce é o melhor remédio e deve ser intensificada depois da febre. Ela ajuda no prognóstico, evitando o choque hipovolêmico. Pode ser suco, água de côco ou qualquer outro líquido".

Quanto ao exame de sangue que detecta o nível de plaquetas, Peres esclarece que ele só é solicitado quando a prova do laço for positiva, isso evita que outras pessoas em estado mais grave percam a chance de fazer o exame por superlotação do laboratório. "Por isso, a importância de um acompanhamento médico, para que a prova do laço seja feita corretamente e frequentemente".

Choque hipovolêmico - Segundo Werley Silva Peres, todos os procedimentos destacados, principalmente a hidratação, servem para que o paciente com dengue não tenha choque hipovolêmico, caracterizado pelo acúmulo de líquido em alguns órgãos do corpo. Com o volume sanguíneo abaixo do normal, o paciente começa a apresentar queda da pressão arterial e dificuldade de fornecimento de sangue para as demais partes do corpo.

Internado - O jogador Douglas Kluzkovski (18), o "Douglinhas" do Mixto Esporte Clube, continua internado no Hospital Bom Jesus, em Cuiabá, com suspeita de dengue hemorrágica. O atleta começou a sentir os primeiros sintomas da doença no dia 19 desse mês e foi diagnosticado na quarta-feira (23).

Douglas teve as plaquetas reduzidas, chegando a 50 mil, e foi levado ao Pronto-Socorro de Cuiabá, onde ficou dois dias deitado em uma maca, no box de emergência, junto com dezenas de pacientes que aguardavam por cirurgias. Depois disso, voltou para casa e passou a fazer o acompanhamento em uma policlínica da capital. Entretanto, o jogador voltou a ser internado, dessa vez no hospital Bom Jesus, e há dois dias é tratado com soro e ingestão de líquidos. O meio-campo da divisão de base do Mixto Esporte Clube já passou por três hemogramas para a verificação do nível de plaquetas e aguarda o resultado do 4º exame que deve sair amanhã, segundo informações do próprio jogador.

Douglas diz que está se recuperando e já sente melhoras com o tratamento. "Em nenhum momento o médico falou que eu apresentava quadro de dengue hemorrágica, mas mesmo assim estou fazendo acompanhamento e ingerindo muito líquido". Ainda não há previsão de alta.

O último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), na terça-feira (22), mostra que Mato Grosso registrou este ano 48.049 casos de infecção pela dengue. Em apenas 20 dias, foram registradas 3.974 novos casos, sendo que 1.029 foram notificados somente na última semana da pesquisa.





Fonte: A Gazeta

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