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Cidades/Geral
Segunda - 21 de Dezembro de 2009 às 00:50
Por: Silvana Ribas

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Crimes sexuais que se transformaram em tragédias, praticados contra crianças indefesas, ganharam destaque na Grande Cuiabá no ano de 2009 e já trazem consequências para a sociedade que despertou para a triste realidade que a cerca. Uma delas é o aumento das denúncias. Hoje a Delegacia de Defesa dos Direitos da Criança (Deddica) em Cuiabá recebe mensalmente cerca de 170 denúncias. No início do ano não chegavam a 80. Entre janeiro e novembro 203 crianças e adolescentes passaram por acompanhamento psicológico em decorrência de abusos sexuais sofridos. Do total, 74% delas tinham entre 1 e 12 anos, somando 153 vítimas da pedofilia. E isso são apenas os casos conhecidos.

Entre as centenas de histórias que chocaram a sociedade este ano está a do estudante Kaytto Guilherme Nascimento Pinto, 10, morto por um pedófilo já condenado pelo mesmo crime e que estava de volta às ruas, com a autorização da Justiça. Este não foi o único motivo que deixou a sociedade em alerta, mas o abuso e a morte brutal de um menino que tinha membros da família engajados no combate ao abuso e a violência contra crianças mostra que todos estão sujeitos e expostos e a próxima vítima pode estar na família.

Mas se a pedofilia é uma ameaça constante, o que dizer do abuso e da violência praticada dentro do lar, por pais ou padrastos. Em Várzea Grande um crime revoltou policiais e médicos quando uma criança de 1 ano e 11 meses quase morreu em decorrência do abuso sexual do padrasto, Marcondes Dias de Moura, que depois de violentar a menina ainda queimou as nádegas dela com uma panela quente, para tentar acobertar o crime. A mãe, Azenil Miranda de Oliveira, que presenciou o abuso e se calou, também foi presa.

A prisão da mãe da menina, que ficou internada por quase 2 meses em uma UTI, passou por várias cirurgias e ainda se recupera, foi um marco, a partir do qual outras mães omissas passaram a denunciar os companheiros abusadores, com medo de serem responsabilizadas, assegura a delegada Daniela Silveira Maidel, titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, do Idoso e da Criança (DDMIC), de Várzea Grande. Em outubro, a delegacia completou um ano de instalação, período em que foram instaurados 846 inquéritos policiais. Nos 10 primeiros meses deste ano, 3.402 boletins de ocorrência e 3.325 pessoas ouvidas na delegacia. Deste total, a delegada estima que 35% estejam relacionados a abusos e violência praticados contra crianças, principalmente dentro do ambiente familiar.

Na opinião de Daniela, estes crimes nem sempre são denunciados e toda a investigação precisa ser feita com muito cuidado. Isto porque, na maioria das vezes, o criminoso exerce seu poder sobre a vítima que teme delatá-lo. Por isso a importância do acompanhamento psicológico durante o processo, principalmente com o afastamento da vítima do abusador, para preservar sua integridade.

Outro caso denunciado este ano e que no mês de novembro resultou na prisão José Ananias de Andrade, 59, deixou as delegadas chocadas. O homem tido como severo e religioso é acusado de estuprar a filha de 10 anos e praticar abusos contra uma outra filha de 13. Há suspeitas ainda que ele tenha abusado de outra filha mais velha, de 17 anos. Pai de 11 filhos que não levantava suspeita, nem da esposa nem de vizinhos. Segundo a delegada, os filhos menores um dia flagraram o pai abusando da irmã e foram colocados de joelhos, durante horas, segurando pedras pesadas na mão, como forma de castigo. Ele ainda deixava os filhos sem comer.

Na opinião da delegada Mara Rúbia de Carvalho, titular da Deddica, o maior problema em relação aos crimes de abuso contra crianças hoje esbarra na liberação dos criminosos condenados ou não, decorrente da atual legislação processual que pela sua "democracia" não os mantém presos pelo tempo necessário. "Eles são liberados das prisões com avaliações psicológicas superficiais".

Um exemplo é o caso do assassino de Kaytto, Edson Alves Delfino, 29, condenado há mais de 40 anos de prisão pela morte de outro menino e que cumpriu apenas 9 anos da pena, tendo sido colocado em liberdade para 4 meses depois fazer uma nova vítima.





Fonte: A Gazeta

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