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Politica Brasil
Quinta - 17 de Dezembro de 2009 às 01:27
Por: Kleber Lima*

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É a cada dia mais visível o desconforto da relação entre o presidente do PSB, deputado federal Valtenir Pereira, e o mega-empresário Mauro Mendes, presidente da FIEMT e pré-candidato ao governo do Estado, recém convertido ao socialismo.

Perguntei ao deputado ao que se devia esse desconforto, afinal, nós outros aqui de fora do partido imaginávamos que antes da filiação, em setembro passado, os dois haviam conversado e definido os termos da sua convivência partidária, inclusive o projeto político.

Valtenir concordou que esse deveria ter sido o rito normal. Porém, não é o que vem ocorrendo. Mauro Mendes reza hoje mais na cartilha do deputado Percival Muniz que na do PSB. Várias ações de sua iniciativa ocorreram à revelia do PSB, com a anuência do PPS. Do PSB, quem estaria mais perto do processo seria o suplente de deputado federal Eduardo Moura.

Também perguntei a Valtenir por que Mauro Mendes optou pelo PSB e não pelo PPS, já que sua relação é com o Percival. Pereira preferiu não comentar. Mas, parece óbvia a resposta: Percival e seu PPS jogam hoje no time do PSDB. O presidente nacional do partido, ex-comunista Roberto Freire, recebe inclusive salário do tucanato, num esquema de acomodação política operado por empresas da prefeitura da cidade de São Paulo, e também pela SABESP, a companhia de água e saneamento do Estado de São Paulo. Freire é um conselheiro remunerado de duas empresas paulistanas, da mesma forma que o nosso ex-senador Antero Paes de Barros o é da SABESP. Como MM só quer ir na boa, não quer bola dividida com Lula e tampouco com Blairo Maggi, e optou pelo PSB, que pertence às duas bases aliadas. É uma hipótese.

Mas, pelo visto, não combinou direito essa jogada com o PSB, ao menos não com o seu presidente Valtenir Pereira, para quem MM estaria tentando “utilizar o partido apenas como barriga de aluguel para gestar sua candidatura de proveta” (sic) ao governo.

Como a atividade política é a mais pública das atividades humanas, a briga interna do PSB revela ao menos dois aspectos destacáveis ao interesse público.

O primeiro refere-se à falência dos partidos como entidades de representação política de estratos da sociedade. Ao se filiar ao PSB por outros interesses que não o da construção do socialismo, adotando seu programa e estatuto, Mauro Mendes se iguala aos políticos tradicionais que alega combater. E o partido é seu sócio igualitário na ocorrência, por ter relaxado os critérios de filiação.

O segundo mostra que MM pode estar entrando na política pela porta dos fundos, ao trocar de partido a cada eleição. Se é essa a ‘novidade’ que quer vender ao eleitor, Mauro Mendes já começa envelhecido. A menos que MM pense ser Brad Pitt atuando em “O Curioso Caso de Benjamin Button”, filme brilhantemente dirigido por David Fincher, vencedor de três Oscar, e que conta a história originalmente narrada em livro por Francis Scott Key Fitzgerald, na qual Benjamim Button nasce com mais de 70 anos, embora bebê, e inverte o desenvolvimento natural da vida, rejuvenescendo enquanto os anos passam.

(*) KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br





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