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Internacional
Terça - 17 de Novembro de 2009 às 20:55

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O Irã condenou à morte cinco pessoas pelos protestos que se seguiram à contestada eleição presidencial do país em junho, informou a TV estatal nesta terça-feira. Pelo menos outros três envolvidos já haviam recebido sentenças de morte anteriormente.

A Justiça deu início em agosto a um julgamento coletivo de figuras proeminentes da oposição e ativistas, por uma série de acusações de espionagem a rebelião e conspiração, no que as autoridades chamaram de "revolução suave" para derrubar os governantes islâmicos do país.

A oposição liderou grandes protestos de rua, marcados por choques com as forças de segurança e milícias islâmicas leiais ao governo na semana seguinte à eleição presidencial de 12 de junho. A oposição alegou fraudes depois que as autoridades eleitorais declararam o presidente Mahmoud Ahmadinejad em primeiro turno. A revolta desencadeou os distúrbios internos mais graves no país nos últimos 30 anos, desde a Revolução Islâmica, que instalou o regime clerical xiita.

Durante os protestos, cerca de 4.000 pessoas foram detidas e 140 foram indiciados.

Em um comunicado, o Departamento de Justiça disse que os cinco condenados à morte eram membros de "grupos terroristas e armados da oposição", informou a televisão estatal. Segundo o comunicado, os tribunais condenaram um total de 89 réus desde o início do julgamento, e 81 deles receberam penas de prisão entre seis meses e 15 anos. Três foram absolvidos.

"Os veredictos emitidos aqui não são definitivos e podem ser objeto de recurso," informou o comunicado, acrescentando que o tribunal emitiu a declaração para "prevenir a propagação de boatos infundados e irreais sobre a forma de emissão dos veredictos."

Em outubro, a agência de notícias iraniana Isna informou que três pessoas haviam sido condenadas à morte por acusações relacionadas à pós-agitação votação e as ligações a grupos de oposição no exílio.

Eles foram acusados de filiação a um grupo pró-monarquia e ao Mujahideen do Povo do Irã, uma organização de oposição no exílio, considerado pelo governo iraniano e pelos Estados Unidos como um grupo terrorista.

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu no mês passado que os tribunais de recursos revisassem a três penas de morte cuidadosamente.

A oposição diz que mais de 70 pessoas foram morreram nos distúrbios pós-eleitorais. Nas contas das autoridades, o número de mortos cai para a metade e inclui membros da milícia islâmica Basij.

O Conselho dos Guardiães do Irã, órgão responsável por ratificar o resultado do pleito, aceitou fazer uma recontagem parcial dos votos para acalmar a oposição, mas confirmou a reeleição de Ahmadinejad depois de afirmar que a fraude em cerca de 3 milhões de votos não era suficiente para mudar o resultado das urnas.

Apesar de os protestos de rua terem acabado nos últimos meses, o reformista Mor Hossein Mousavi, segundo colocado na eleição, e outras figuras da oposição, como o ex-presidente Mohammad Khatami, recusaram-se ao silêncio. O mais explícito dos oposicionistas tem sido o também candidato Mehdi Karubi, que denunciou torturas e estupros contra prisioneiros políticos --o que foi veementemente negado pelo governo.

O líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei informou no mês passado que enviou mensagens particulares para aqueles que continuavam a questionar a eleição dizendo que eles poderiam não ser capazes de controlar o rumo dos acontecimentos --uma ameaça implícita de ação governamental adicional se não cessassem as suas atividades.

No último dia 4, centenas de opositores se manifestaram em Teerã de forma paralela à concentração convocada pelo regime iraniano para comemorar o 30° aniversário da invasão da embaixada dos EUA no país por militantes islâmicos. Segundo a polícia, 109 pessoas foram detidas, das quais 47 foram libertadas sob fiança e 62 foram presas e processadas.

Com Associated Press, Reuters e Efe





Fonte: Folha Online

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