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Meio Ambiente
Terça - 17 de Novembro de 2009 às 17:50

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Perguntas e indagações talvez não sejam tão atraentes quanto beber. Mas, enquanto para a maioria das pessoas a busca termina no bar mais próximo, o arqueólogo biomolecular Patrick McGovern foi muito mais longe.

Ele passou décadas viajando o mundo e voltando no tempo, raspando crostas sujas de antigas caldeiras, recuperando líquidos de frascos lacrados e extraindo resíduos dos poros de vasos pré-históricos --tudo em nome da investigação das origens ancestrais da bebida alcoólica.

Depos de ele ter encontrado o vinho mais antigo do mundo --um vinho resinado, encontrado em duas jarras da aldeia neolítica de Hajji Firuz, no Irã, em 2004, ele encontrou uma amostra ainda mais antiga na China.

Às margens do rio Amarelo, em um sítio arqueológico denominado Jiahu (cuja idade é por volta de 9.000 anos), ele recolheu uma amostra de uma bebida alcoólica quente, composta a partir de arroz, fruta de espinheiro, uvas e mel.

Outras das suas recentes revelações são que as pessoas da América Central ficavam bêbadas a partir de chocolate fermentado --o que dá uma nova acepção à palavra "chocólatra".

A investigação de McGovern é detalhada em um livro fascinante, que deixa poucas dúvidas de que os humanos são bebedores por nascimento, mais apegados às bebidas do que o Homo sapiens. Desde os tempos primevos, povos de todo o mundo sentiram a necessidade de beber álcool, e se aplicaram a encontrar formas de produzir quantidades prodigiosas dele.

No período neolítico, habitantes de diferentes continentes usavam a mesma técnica: a domesticação dos cereais. Os primeiros fazendeiros, argumenta McGovern, cultivaram cereais para fermentação, em vez de alimentos. A cerveja, ao que parece, veio antes do pão.

Mais do que a raiz de todo mal, o álcool é a raiz de tudo o que nos torna humanos: arte, música, religião e outros aspectos da nossa cultura --tudo tem seu início no período de farras alcoólicas, o Paleolítico. Essa é a teoria --e McGovern encontrou uma abundância de evidências para sustentá-la.

Você pode estar se perguntando qual era o gosto dessas bebidas antigas. Nesse momento, as crostas antigas e resíduos não ajudaram muito.

Para responder a esta pergunta, McGovern teve de inovar. Com a ajuda de amigos na indústria cervejeira, ele recriou um drinque frígio, uma cerveja de chocolate alcoólico e Chateau Jiahu --a bebida mais antiga de todas. Dois em cada três não foram ruins.

LIVRO - "Uncorking the Past: The quest for wine, beer and other alcoholic beverages" (sem tradução no Brasil). Patrick McGovern; publicado pela University of California Press; US$ 29,95 / 20,95 euros

Com Folha Online





Fonte: New Scientist

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